O jubileu dos “Padres da Rua”

Entre os sacerdotes que este ano celebraram os 50 anos de ordenação sacerdotal, encontravam-se, como noticiámos, os sacerdotes que se dedicaram à “Obra da Rua”, fundada pelo Padre Américo. Em O Gaiato de 18 de Agosto deste ano, encontramos na primeira página a seguinte notícia: Neste mês de Agosto fazem 50 anos de sacerdócio (as bodas de outro), os nossos Padres Manuel António e Acílio Fernandes, O Padre Manuel António, da Diocese do Porto, foi ordenado a 4 de Agosto de 1957; e o Padre Acílio Fernandes, da Diocese de Coimbra, a 15 de Agosto de 1957”. Tínhamos dado já essa notícia, quer na nossa edição de 4 de Julho, quer na de 25 de Julho. Acrescentamos que o Padre Manuel António se encontra na Casa do Gaiato em Benguela, Angola, assinando crónicas regulares em O gaiato; o Padre Acílio é actualmente o responsável da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, e também assina artigos em O Gaiato. Diga-se que um e outro produzem textos de boa doutrina e de bela escrita, na esteira aliás do seu mestre, o Padre Américo. Pois no mesmo número de O Gaiato encontramos um outro texto do Padre Carlos [Galamba], outra destacada figura da Obra da Rua, que pelo seu interesse histórico e de memória do passado e do presente, transcrevemos: Cinquenta Anos Fá-los hoje, Dia do Santo Cura d’ Ars, que a Igreja, pela palavra de D. Antó­nio Ferreira Gomes, se compro­meteu com a Obra da Rua em hora e em contexto de solenidade: a Festa anual das Ordenações. [Refere-se ao P. Manuel António Pereira]. Naqueles anos era o primeiro Domingo de Agosto a data esco­lhida para tal, nem sei se pela proximidade à Memória litúrgica do padre apaixonante que foi S. João Maria Vianney. como que a pedir-lhe a benção para os novos padres … Neste, de 1957, a Dio­cese do Porto teve o seu primeiro padre da rua; e exactamente seis anos depois, o segundo que o Senhor já levou. [Este foi o Padre Luís Augusto Carretas Barata, falecido em 13 de Abril de 2003 – ver VP de 16 de Abril desse ano). Recordo algo da notícia de então n’O GAIATO: «No fim do Pontifical da Ordenação, o Senhor Bispo dirigiu-se a todos, mor­mente àqueles que acabavam de ser ordenados, lembrando uma palavra de S. Vicente de Paulo: ‘O Povo é de quem o ama e mos­tra que o ama.’ Daí a ânsia do Pastor de que os seus padres se dêem à obra do amor total dos homens (união substancial de alma e corpo) para a elevação total dos mesmos homens nos caminhos de Deus. Depois referiu-se à Obra da Rua. Quanto desejou Pai América ouvir aquelas afirmações. A sua vontade era que a Igreja perfi­lhasse a Obra, que a fizesse Sua. E ali. naquela hora, já não apenas por um consentimento tácito, por uma aprovação subentendida. mas expressa e positivamente, a Igreja tomou-a em Suas Mãos e disse, pela boca do nosso Bispo, o seu contentamento por ter um padre para nos dar. Bendito seja Deus!». E nós sabemos quantos mais D. António gostaria de ter para nos dar, conforme as suas palavras de um ano antes, no adro da Sé, à saída das Ordenações de 1956, palavras dirigidas ao Reitor do Seminário, o Cónego Domingos de Pinho Brandão, que chamou ao pé de nós para lhas comunicar. Momentos belos, ainda hoje reconfortantes para os que vive­mos, a confirmar o legado de Fé e de Esperança que Pai Américo nos deixara: «A minha Obra começa quando eu morrer». Mas se com D. António foi maior a visibilidadc da sua inter­venção, não deixou de ser igual­mente vivo o acolhimento e efec­tivo o apoio dos outros Bispos a quem estivemos ligados pelo vínculo da nossa incardinação sacerdotal c pela inserção da Obra nas suas Dioce­ses: Coimbra e Lisboa. D. Manuel Gonçalves Cerejeira que, talvez por ter sido o Confes­sor de Pai Américo enquanto Seminarista, foi até ao fim o Bispo dos seus desabafos mais íntimos; e D. Ernesto [Sena Oliveira] porque era o seu Bispo – são lembrança carregada de gratidão nas nossas mentes e de afecto em nossos corações. O amor que dedicaram à Obra e a confiança que tiveram nos pobrezitos dos obreiros que fica­ram, são fundamentais para se entender o «milagre» anunciado da Obra que, em vez de acabar, «começa» então … Quem dera que «este milagre» (e «outros» …) contassem para a Beatificação do seu Fundador. Para esta graça e para quantas de que a nossa vida urge, contamos nós com os três Bispos, Manuel, Ernesto e Antó­nio, como particulares interces­sores que temos no Céu. Padre Carlos

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