O homem da Doutrina Social da Igreja

Editor de D. António dos Reis Rodrigues evoca qualidades humanas e literárias no homem que simplificou a DSI D. António dos Reis Rodrigues é, segundo Henrique Mota, director da Editora Principia, o autor que mais se preocupou em publicar obra sobre a Doutrina Social da Igreja. O editor, responsável pela publicação de cinco livros de D. António dos Reis Rodrigues, elege o livro «O uso da riqueza» como “a obra mais original sobre DSI, num tratamento curto, sintético mas muito completo e objectivo”. “É um livro pequeno que aborda um tema muito difícil, com o risco de resvalar para um debate partidário, distante do problema central”. Esta obra “é essencial a nível interno, mas também internacionalmente”, explica, acrescentando que os livros do bispo auxiliar emérito integram a “biblioteca essencial sobre DSI”. Henrique Mota afirma que apesar dos seus 90 anos, D. António dos Reis Rodrigues “mantinha uma grande lucidez de espírito que lhe permitia continuar a escrever com grande qualidade”. Haverá ainda originais, cuja possibilidade de publicação se abriu recentemente, mas sem garantias ainda. “Os seus textos tinham uma simplicidade e objectividade apenas conseguida por pessoas que pensaram muito e por isso são capazes de tornar simples questões complicadas”. A oração, a reflexão, o amadurecimento do tema “tornou simples uma coisa complicada e resultou na obra «O uso da riqueza»”, sublinha Henrique Mota. Os últimos textos do bispo auxiliar emérito são “simples, muito amadurecidos na reflexão e por isso parecem fáceis, mas não o são”. No ano em que o Patriarcado de Lisboa se debruça sobre a DSI, Henrique Mota indica ser “muito oportuno, não como memória e saudade mas pela fecundidade do seu magistério e ensino, retomar a obra de D. António dos Reis Rodrigues”. Recorde-se que D. António dos Reis Rodrigues, bispo titular de Madarsuma e bispo-auxiliar emérito do Patriarcado de Lisboa, faleceu esta Terça-feira, dia 3 de Fevereiro, no Hospital de S. José, em Lisboa, com 90 anos de idade. Valor humano Simplicidade, humanismo e firmeza são palavras que Henrique Mota evoca ao recordar o bispo auxiliar emérito de Lisboa. “Era um presença da Igreja no meio do mundo”, destaca o editor que conheceu D. António dos Reis Rodrigues no final dos anos 70 e teve “o privilégio me relacionar intelectualmente com ele”. Deixou uma marca de amizade. Henrique Mota evoca, não ainda enquanto editor, mas enquanto jovem, a participação do bispo auxiliar emérito no primeiro debate público sobre a questão do aborto. “Estávamos a preparar o arranque de uma manifestação desde o Largo do Rato até à Assembleia da República”, explica. Na altura, Henrique Mota era um dos responsáveis pela manifestação. Entre pessoas mais velhas “comentávamos se a nossa acção era também confirmada pela Igreja e como é que os bispos a encaravam”. O editor recorda a chegada de D. António dos Reis Rodrigues e a sua imagem no topo do Largo do Rato “para nos acompanhar e confirmar a nossa acção”. Foi sempre um bispo que “confirmava junto do povo, as iniciativas que concretizavam a presença da Igreja, que afirmavam a DSI e os valores cristãos”. Até ao último encontro entre ambos, “sempre encontrei uma presença próxima e humana”. Henrique Mota não esconde a “admiração intelectual pela pessoa, pelo seu papel na Igreja de Lisboa, o muito que contribuiu para a Conferência Episcopal”, para além das qualidade de pastor “num misto de proximidade e amizade. Era, ao mesmo tempo, uma pessoa firme, mas foi precisamente pela sua firmeza que encontrou caminho para se encontrar com outras pessoas”.

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