O cuidado pastoral do Bispo pelos migrantes

Da Exortação Apostólica Pós-Sinodal “PASTORES GREGIS”de João Paulo II Os movimentos dos povos assumiram hoje proporções inéditas, apresentando-se como movimentos de massa que envolvem um número enorme de pessoas. Entre elas, há muitas expulsas ou em fuga do seu país por causa de conflitos armados, de precárias condições económicas, de lutas políticas, étnicas e sociais, de catástrofes naturais. Todas estas migrações, apesar da sua diversidade, colocam sérias questões às nossas comunidades, relacionadas com problemas pastorais como a evangelização e o diálogo interreligioso. Por isso, convém que, nas dioceses, se providencie à instituição de estruturas pastorais concretas para o acolhimento e o cuidado pastoral destas pessoas, adequado às condições em que se encontram. É preciso também fomentar a colaboração entre dioceses limítrofes para se garantir um serviço mais eficiente e competente, cuidando também da formação de sacerdotes e agentes laicais particularmente generosos e disponíveis para este serviço exigente, sobretudo quanto aos problemas de natureza legal que possam aparecer na inserção destas pessoas no novo ordenamento social. Neste contexto, os padres sinodais originários das Igrejas Católicas Orientais puseram outra vez o problema – novo em certos aspectos e de graves consequências na vida concreta – da emigração dos fiéis das suas Comunidades. Na realidade, há um número bastante significativo de fiéis vindos das Igrejas Católicas Orientais que residem habitual e estavelmente fora das terras de origem e das sedes das Hierarquias Orientais. Trata-se, como é compreensível, duma situação que diariamente interpela a responsabilidade dos pastores. Por isso, o Sínodo dos Bispos considerou necessário um exame mais profundo sobre os modos como poderiam as Igrejas Católicas, tanto Orientais como Ocidentais, estabelecer as estruturas pastorais oportunas e apropriadas, capazes de satisfazer as exigências destes fiéis que vivem em condições de «diáspora». De qualquer forma, é um dever dos Bispos do lugar, não obstante a diversidade de rito, serem verdadeiros pais para estes fiéis de rito oriental, garantindo-lhes, no cuidado pastoral, a salvaguarda dos valores religiosos e culturais específicos, nos quais nasceram e receberam a sua formação cristã inicial. Estes são apenas alguns dos âmbitos onde o testemunho cristão e o ministério episcopal são reclamados com particular urgência. A assunção de responsabilidades que dizem respeito ao mundo, aos seus problemas, aos seus desafios, às suas expectativas pertence à obrigação de anunciar o Evangelho da esperança. De facto, está em jogo o futuro do homem, enquanto «ser de esperança». Com a acumulação dos desafios a que está exposta a esperança, é bem compreensível que surja a tentação do cepticismo e do desânimo. Mas, o cristão sabe que pode enfrentar mesmo as situações mais difíceis, porque o fundamento da sua esperança está no mistério da Cruz e da Ressurreição do Senhor. Só daí é possível haurir a força necessária para se colocar e permanecer ao serviço de Deus, que quer a salvação e a libertação integral do homem.

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