O Coração do Turismo é o Homem

Conclusões das Jornadas realizadas nos Açores A Diocese de Angra e Ilhas dos Açores, através do Serviço de Apoio à Pastoral da Mobilidade Humana, levou a efeito nos dias 23, 24 e 25 de Setembro de 2005, no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, o Seminário:“ O coração do Turismo é o Homem”. Do programa constaram 12 comunicações de peritos ligados à Sociedade Civil, Universidade, Governo e Igreja. Abordou-se, das mais diversas perspectivas – social, económica, política, pastoral e religiosa – a realidade humana e espiritual do Turismo. No último dia os participantes, numa viagem de “turismo personalizado” viajaram para conhecer recantos ambientais, tradições religiosas e actividades das gentes da ilha Terceira. O Seminário encerrou com uma celebração eucarística, acompanhada por “violas da terra”, na Igreja da Misericórdia de Angra. A Diocese, ao promover esta iniciativa, pretendeu assinalar a celebração do XXVI Dia Mundial do Turismo – 27 de Setembro – para o qual a OMT indicou como tema: “Viagens e transportes: do mundo imaginário de Júlio Verne à realidade do séc. XXI”. Os cerca de 40 participantes constataram que o Turismo: – apresenta-se como um dos fenómenos humanos e económicos mais marcantes dos tempos hodiernos, com notável tendência de crescimento e diversificação acentuadas. (Dos 25 milhões em 1950, 567 milhões em 2000, prevê-se para 2020 um volume na ordem de um bilião e 500 milhões de turistas); – tece laços de diálogo e encontro entre quem visita por lazer e quem acolhe por trabalho, quem investe como empresário e quem beneficia como profissional, quem é autóctone e quem é estrangeiro, com vista ao desenvolvimento humano, cultural e espiritual do Homem; – como actividade vocacionada para o bem-estar e desenvolvimento dos “clientes”, encerra em si um forte apelo ao conhecimento da cultura, arte, história, valores humanos e espirituais, encontro de povos e religiões, que desafia o homem na sua transcendência e sede de infinito; – tem sido reflectido, pela Igreja, de modo muito positivo, desde a Carta “Peregrinans in terra” (1969), apoiado por Congressos e Orientações do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, sob os aspectos antropológico, teológico e pastoral, mas permanece um “pensamento social” que carece de maior divulgação, junto dos agentes pastorais, das comunidades e sociedade, em geral; Seguem-se algumas recomendações emergidas do Encontro: 1. Perante o crescimento de peregrinos a atestar uma “nova primavera” das peregrinações a santuários e a outros lugares religiosos – católicos e de outras religiões, a Igreja é chamada a ler neste fenómeno o anseio humano a “peregrinar espiritualmente” e uma ocasião de colmatar o “déficit de humanidade” (João Paulo II) que a sociedade hoje apresenta; 2. A par da actual valorização do Património cultural e Bens artísticos (ex. Arte Sacra) privilegie-se igualmente o capital humano e vivência espiritual da Paróquia ou Movimento, na linha do anúncio, hospitalidade cristã, testemunho de universalidade: ecumenismo e diálogo interreligioso; 3. Com o objectivo da “humanização” e “sustentabilidade” da actividade turística e suas consequências, do ponto de vista de quem visita ou é visitado, investe directamente ou usufruí de emprego, acha-se importante a divulgação e exigência de aplicação do Código Ético Mundial do Turismo, aprovado pela OMT em 1999; 4. A par da tradicional “arte de bem receber” que se reconhece aos portugueses, apelar também à “arte de bem viajar”, suscitando nos nossos turistas o respeito pelo ambiente, pelas culturas e tradições religiosas, pelas próprias populações, especialmente em países subdesenvolvidos, em ordem a um turismo “responsável”, “humanizante”, “sustentado” e “solidário”. 5. Os cristãos, em parceria com outras organizações da sociedade civil, devem comprometer-se na prevenção e combate aos efeitos nefastos de “algum” turismo que ofende a dignidade humana: exploração laboral, turismo sexual (pedofilia, prostituição), tráfico e escravidão de pessoas (mulheres e menores); 6. As dioceses mais “visitadas”, procedam à reorganização do departamento da Pastoral do Turismo, de modo a favorecer um renovado compromisso, a nível de informação aos turistas, acolhimento na comunidade (sobretudo, na Eucaristia) e formação cristã de operadores e, sobretudo, dos guias; 7. Sugere-se à Comissão Episcopal da Mobilidade Humana da CEP, a realização em 2007 de Jornadas Nacionais da Pastoral do Turismo para reflectir nas dioceses à reorganização do sector, tornando-o mais eficiente e “evangelizador” no acompanhamento das pessoas e estruturas envolvidas no mundo do Turismo. Angra do Heroísmo, 25 de Setembro de 2005

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