Novos padres para Vila Real

No próximo Domingo, dia um de Julho, na Sé Catedral de Vila Real, pelas 16 horas, o senhor Bispo, D. Joaquim Gonçalves, confere ordens sacras de Presbítero aos Diáconos Hélder Norberto Pires de Magalhães (Viade-Montalegre) , Nuno Fernandes Reis (Lebução-Valpaços) e Pedro Rei Alves (Beça- Boticas). Na mesma celebração serão instituídos no ministério do Acolitado os alunos Jorge Alexandre da Costa Rodrigues (Telões – Vila Pouca de Aguiar), e Ricardo José Martins Machado (Mondrões- Vila Real). A Igreja prescreve que estas celebrações se façam de preferência num Domingo, por ser o dia semanal da Páscoa e para dar oportunidade de os fiéis poderem participar na celebração. Em ordem ao sacramento da Ordem 1- O próximo Domingo, primeiro de Julho, é, na diocese de Vila Real, o dia oficial das «Ordenações», ou seja, dia da celebração do sacramento da Ordem. Neste ano haverá três novos Padres: um de Montalegre, outro de Valpaços e outro de Boticas. E será também conferido o ministério de Acólito a outros dois jovens seminaristas. Desde 1991, ano em que assumi o governo da Diocese, ordenei 32 padres, sendo o primeiro o P. José Óscar Mourão, único desse ano. O número anual de ordenações tem variado, havendo sete anos com um só candidato, cinco com dois, um com três e três com quatro. Desses 32 padres, quatro abandonaram o exercício das Ordens sacras. Entretanto, vindos de outras dioceses ou Ordens religiosas, ingressaram na diocese quatro padres novos, encontrando-se todos eles a paroquiar. O acesso ao sacerdócio por parte dos jovens seminaristas de Vila Real nunca foi muito elevado, tendo recebido Ordens de presbítero menos de 10% dos que frequentaram o Seminário. O número dos padres que abandonaram o exercício do sacerdócio é que foi, depois do Concílio, muito elevado. Afinal, a proporção média das Ordenações nos últimos anos não é muito inferior à dos anos anteriores. Sendo numericamente menos alunos no Seminário, parece haver mais tempo para amadurecer a consciência e melhor acompanhamento. O grande problema que se levanta em nossos dias é a baixa natalidade, havendo muitas famílias com um só filho, o que representa uma ameaça porque, embora haja padres que são filhos únicos, a tendência natural é que esse filho constitua família. É também preocupante a falta de oração familiar em muitos casais novos, agravada pelo clima de laicismo na sociedade. A opção pelo sacerdócio por parte dos jovens e das famílias torna-se, cada vez mais, uma decisão de grande generosidade e coragem , dada a quebra do estatuto social do padre de outros tempos. 2- Em termos de linguagem, a palavra Ordem que utilizamos ao falar do sacerdócio não vem do mundo bíblico. Tanto a palavra «Ordem» como a palavra «Hierarquia» foram transpostas das instituições civis de Roma antiga para o interior da Igreja para designar o exercício da autoridade. «Manter a ordem» é um termo positivo, alguém que evita a anarquia da multidão, a confusão. Também os termos «diocese» e «paróquia», essas com raízes gregas, foram trazidos da administração civil para falar dos espaços e comunidades sagradas. De modo análogo, o termo «clérigo» , separado, nome por que se designava o ministro ordenado por ficar espiritualmente separado dos outros fiéis, tornara-se na Idade Média sinónimo de «instruído», sabedor, frente ao número dos ignorantes. Essas palavras civis adquiriram um sentido religioso mais profundo. O Novo Testamento, no contexto da cultura grega, fala dos responsáveis pela comunidade cristã com o termo «epíscopo», no sentido de «vigilante», de supervisor, de «quem vê do alto e em conjunto», também ele um termo civil; usa ainda o termo «presbítero» ou «o mais velho», não necessariamente na idade, mas na maturidade da fé; e fala ainda do «diácono», aquele que «serve», aquele que se dedica aos outros sem intuitos de direcção. Jesus falara somente de «servidores», de «amigos», de «discípulos» ou «seguidores», com uma grande conotação espiritual. Evitou sempre as palavras que pudessem fazer da sua mensagem e seus discípulos um mero prolongamento das tradições religiosas hebraicas, e conferiu o seu poder e mandato aos Apóstolos como «servos» da comunidade. Mais tarde, estes foram distribuindo esses poderes por vários grupos de homens, nascendo assim a «hierarquia» da Igreja ou grupos escalonados. A palavra Ordem, que nada tinha de pagão, foi aproveitada nos primeiros séculos pela Igreja para designar esse conjunto escalonado de cristãos a quem incumbe governar com autoridade a comunidade cristã. Temos, assim, a «Ordem dos Bispos», a «Ordem dos Presbíteros», a «Ordem dos Diáconos», havendo uma relação fraterna no interior de cada ordem, e uma hierarquização de uma em relação à outra. Esse poder sagrado não é, porém, um mero exercício como o da autoridade civil que nada altera no interior da pessoa detentora desse poder e que, uma vez exercido o mandato, regressa ao estado anterior ao exercício do mesmo. No sacramento da Ordem, em qualquer dos seus graus, há uma alteração religiosa interior na pessoa que a ele acedeu, alteração que nunca mais se desfaz, ainda que seja juridicamente dispensada e proibida do seu exercício. Essa alteração interior não se identifica primordialmente com um conjunto de obrigações, mas é um dom de Deus, uma graça que, não destruindo a natureza e o brio pessoais, a enriquecem de maneira inexaurível. É isso que se designa pela palavra «carácter sagrado» do sacramento da Ordem, e que o povo exprime com rigor ao dizer «padre uma vez, padre para a eternidade». Celebrar o sacramento da Ordem é um momento de grande alegria para um bispo e deve sê-lo também para um cristão atento. Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real

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