Novos dinamismos missionários

A cristandade, como unidade religiosa, cultural, social e política, terminou. Nascer em Portugal há muito que já não significa automaticamente ser católico ou cristão. A tradição, alguns temores mítico-religiosos e, às vezes, a pressão dos mais velhos acaba por levar muita gente a pedir o baptismo e outros sacramentos, a catequese e o funeral cristão. São ritos religiosos sem consequências reais na vivência e celebração da fé cristã. A secularização, o urbanismo e a deficiente formação religiosa criou um cristianismo não-praticante, sincrético, subjectivo e individualista. A motivação religiosa é basicamente a satisfação de necessidades sociais (manifestar a amizade e solidariedade em acontecimentos ligados a sacramentos e funerais) e individuais (sentir-se bem e pedir ajuda ao além). Os grandes santuários tornam-se o lugar de predilecção desta prática religiosa. A missa na televisão é um espectáculo religioso que os “não-praticantes” ou os “praticantes-eventuais” gostam de ver. O compromisso duradouro com uma comunidade de fé, a fidelidade a uma ética cristã e o empenho missionário local e universal não tem lugar neste “cristianismo sem Cristo e sem Igreja”. A Igreja, no seu todo, precisa de acordar para a Missão. A Missão da Igreja compreende três dimensões inseparáveis: missão pastoral de animação dos crentes, missão evangelizadora dos baptizados não praticantes (“nova Evangelização”), missão de primeiro anúncio e testemunho junto dos não cristãos (“Missão Ad Gentes”) (RM 33). O amor é a fonte da Missão. Ele cria comunhão e torna possível o equilíbrio entre o empenho com a Igreja local e a solidariedade missionária com a Igreja Universal. Ao integrar as várias dimensões da única Missão, a Igreja descobre-se verdadeiramente Corpo de Cristo, animada pelo seu Espírito e enviada a anunciar o Reino de Deus a toda a criatura. Os Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) associaram-se para, juntos e em articulação com as dioceses e as Obras Missionárias Pontifícias (OMP), animarem melhor a Igreja para a Missão. Procuram contribuir para este objectivo vital da Igreja, dispondo-se a: – Promover semanas conjuntas de animação missionária nas paróquias. – Colaborar na preparação e divulgação do Guião do Outubro Missionário. – Participar na preparação e realização das Jornadas Missionárias anuais de Setembro, em Fátima. – Organizar um Curso de Missiologia para oferecer uma formação aprofundada sobre a Teologia, História e Espiritualidade da Missão. – Incentivar, formar e enviar leigos missionários, dentro e fora de Portugal. – Divulgar notícias e testemunhos missionários por meio da imprensa missionária. – Apoiar a geminação de paróquias e Dioceses. – Fomentar acções de Justiça e paz, promovendo a “Antena” portuguesa da Rede Justiça e Fé, Europa-África (AEFJN). – Favorecer a solidariedade com as Igrejas mais pobres por meio de campanhas para projectos concretos e do peditório das Missões, em Outubro. – Trabalhar em parceria com outras instituições, nomeadamente a Comissão Episcopal das Missões, as OMP e a Fundação Evangelização e Culturas. – Despertar vocações missionárias sacerdotais, religiosas, consagradas e laicais. Para que todos estes objectivos não sejam apenas acções locais e fragmentadas, os IMAG estão empenhados em apoiar o Congresso Missionário Nacional, a realizar de 3 a 7 de Setembro de 2008, em Fátima. É um projecto da Conferência Episcopal Portuguesa. O lema é “Portugal, vive a Missão, rasga Horizontes”. O objectivo principal é animar todas as dioceses e movimentos para a Missão. A semana do Congresso deverá ser o coroar celebrativo e festivo de todo um ano de formação e sensibilização dos diversos sectores e forças vivas da Igreja. Se toda a Igreja portuguesa acolher com verdadeiro entusiasmo este programa, poderemos fazer a experiência duma Igreja-Comunhão, unida por um projecto comum e missionário. José Augusto Leitão, svd – Presidente dos IMAG

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