Novo Volume da Documentação Crítica de Fátima

Com documentação de 13 de Outubro de 1922 a 12 de Outubro de 1924 Foi ontem apresentado no Santuário de Fátima, em conferência de imprensa, mais um tomo da Documentação Crítica de Fátima (DCF). Trata-se do segundo tomo (13 de Outubro de 1922 a 12 de Outubro de 1924) do quarto volume, que abrange o período do início do Processo Canónico Diocesano até à criação da Capelania (1922-1927). Na apresentação, o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, descreve o período que abarca a obra: “É-nos assim apresentada uma etapa significativa do ‘processo de recepção’ do acontecimento de Fátima na Igreja, na sociedade e na cultura em Portugal. Trata-se de um processo turbulento que oscila entre o acolhimento entusiasta por parte dos fiéis e a rejeição agressiva por parte da ideologia jacobina e anti-clerical, o que tornou Fátima num ‘caso político’. E no meio deste confronto sobressai a prudência serena da hierarquia da Igreja”. Sobre esta prudência da hierarquia de Igreja, D. António afirmou esta tarde que a Igreja actuou prudentemente, com uma “sabedoria milenar de quem não canoniza, nem anatematiza, até se decantar a verdade”. Neste tomo, são publicados 26 documentos de carácter oficial, 140 cartas, dez notas ou apontamentos, quatro testemunhos, um livro e 96 artigos ou correspondências em publicações periódicas. Zília Osório de Castro, que integra a Comissão Científica da DCF, revela que, através do material publicado neste tomo, se verifica que “as aparições suscitaram maioritariamente discursos de exclusão, de feição positiva e de feição negativa, isto é, de apoio e de rejeição”. A hierarquia eclesiástica agia com prudência. “Prudência seria a palavra de ordem, o que não significava desinteresse, nem desatenção, nem afastamento”, refere Zília Osório de Castro. A obra revela também que a imprensa teve um carácter incontornável, com o tornar conhecidas as procissões e as cerimónias realizadas. Por esta documentação, explica a investigadora, “pouco ou nada se sabe” da reacção de Lúcia, uma vez que a publicação apenas integra seis cartas dirigidas à família. Durante a conferência de imprensa, D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Cientifica do projecto Documentação Crítica de Fátima, vincou, a respeito da documentação publicada, que a perseguição “feroz e agressiva” da época politizou o caso “Fátima”, que acabaria por ser levado à Câmara dos deputados em Maio de 1923 (como documenta o presente tomo), e “por motivar o desejo de conhecer Fátima”. “Ao dar conta da polémica da época, quem fez propaganda contra Fátima foi quem divulgou Fátima. (…) As previsões catastróficas e negativas, acabam por ser contrariadas pela realidade”, afirmou D. Carlos Azevedo, concluindo que “a verdade dos simples e a fé profunda do povo é muito mais duradoura do que os que a querem destruir”. Sobre o projecto Documentação Crítica de Fátima, é intenção da equipa de trabalho editar mais um tomo ainda este ano. “Em boa hora, o episcopado português na ‘Carta Pastoral no 75º aniversário das Aparições’ pediu que a Mensagem de Fátima fosse apresentada ‘com o devido rigor histórico e teológico’. Como poderíamos, de facto, compreender a verdade, o significado e o alcance do ‘acontecimento’ de Fátima sem toda a documentação crítica?”, refere D. António Marto, na apresentação do tomo.

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