Novo reitor de Fátima admite «apreensão» perante dimensão do cargo

Em declarações à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, logo após o anúncio do seu nome para novo responsável pela instituição, o Padre Virgílio Antunes fala sobre o convite para este novo cargo e sobre a sua ligação a Fátima e a Nossa Senhora. 1. Com que sentimentos acolheu o convite do Senhor D. António Marto para ser Reitor do Santuário de Fátima? Padre Virgílio Antunes – Em primeiro lugar, com alguma apreensão. É um trabalho novo, com uma carga de responsabilidade alargada e que me reserva, com certeza, um conjunto de surpresas. Em segundo lugar, com serenidade. Mais do que um convite tratou-se de o Bispo Diocesano pedir a realização de uma missão, como são todos os trabalhos a que nos dedicamos na Igreja. Sei que ele reflectiu, fez consultas na Diocese e tomou a decisão que, de facto, me pediu para aceitar. Não tinha outra palavra a dizer, senão acolher o pedido, como fiz em outras circunstâncias com os anteriores bispos. Finalmente, devo dizer que acolhi com alegria, pois não concebo trabalhar na Igreja como sacerdote de outra forma. 2. Como diocesano de Leiria-Fátima e natural de uma paróquia vizinha deste Santuário, qual é a sua ligação pessoal e em termos de devoção a este santuário mariano? Padre Virgílio Antunes – Desde a infância que Fátima faz parte da minha vida. Habituei-me a ver o Santuário como uma parte natural da Igreja e da Diocese. Faz parte daquelas realidades cuja existência não se questiona nem se discute. Comecei a vir ao Santuário particularmente no contexto da catequese infantil: vínhamos a pé, percorríamos todos os lugares, visitávamos a Capelinha, os Valinhos; rezávamos o terço e fazíamos a Via Sacra; comíamos a merenda e voltávamos para casa também a pé. Em termos de devoção pessoal, tive a graça de ela me ser transmitida desde cedo e de o Seminário ter continuado a fomentá-la. Tenho dificuldade de me imaginar doutra forma e sem esta dimensão mariana da fé cristã, que, de modo muitíssimo humano nos aproxima de Cristo. 3. É capelão do Santuário de Fátima desde 2005. Qual foi a primeira impressão à chegada a este local em termos de funcionamento, de serviços, de organização? Já tinha trabalhado no Santuário antes de aqui ser capelão e director do Serviço de Alojamentos e do Serviço de Peregrinos? Padre Virgílio Antunes – Antes de cá chegar, em Setembro de 2005, conhecia pouco do funcionamento do Santuário. Era um conhecimento exterior: as multidões das peregrinações aniversárias, a tranquilidade e calma de alguns lugares nas visitas regulares que fazia… Do ponto de vista organizativo, quase nada, com excepção de um ou outro pormenor ocasional, por participar num encontro, num congresso ou num retiro espiritual. A pedido do Reitor, há alguns anos estava a colaborar nas peregrinações aniversárias, como comentador das celebrações. Quando cheguei fiquei surpreendido com a complexidade existente, mas sobretudo com o rigor e a responsabilidade com que cada um dos sectores executa as tarefas que lhe competem. 4. Como foi trabalhar com Mons. Luciano Guerra e qual a impressão que tem dele/do trabalho por ele desenvolvido? Padre Virgílio Antunes – Penso que foi a melhor escola e a melhor introdução ao trabalho que agora aí vem. Admiro muito a sua capacidade de trabalho, com método, ponderação e rigor. Como sabemos, o Santuário de Fátima nasce de uma iniciativa divina em favor da humanidade, mas, grande parte daquilo que é hoje, deve-se à iniciativa de Mons. Luciano Guerra, à sua persistência e capacidade de ultrapassar ventos e marés. Deixa o Santuário dotado das infraestruturas necessárias à sua missão, capazes de acolher os peregrinos de Nossa Senhora em óptimas condições, deixa uma estrutura organizativa adequada e funcional e ainda um ambiente orante e celebrativo, que cativa multidões em Portugal e no mundo. 5. Assim que tome posse do cargo e uma vez que já conhece o trabalho pastoral e a organização da instituição, apostará em quê, isto é, será um trabalho em ordem à continuidade com aquilo que agora aqui é feito ou haverá novas propostas a desenvolver? Padre Virgílio Antunes – O Santuário comemorou o ano passado o nonagésimo aniversário das aparições de Nossa Senhora e, portanto, das suas origens. A história não começa, por isso, com a mudança do reitor. Por sua vez, a Igreja e as suas instituições têm um ritmo frequentemente diferente das instituições da sociedade civil. A nossa primeira tarefa é procurar estar atentos aos sinais dos tempos e a Deus que fala neles e através deles, na perspectiva da fidelidade. A primeira preocupação será sempre a de conhecer e amar mais Nossa Senhora e a sua mensagem de conversão, dirigida à humanidade do nosso tempo. Isso exige que nos centremos no essencial e que tudo em Fátima esteja ao serviço desse objectivo. É, por isso, claro, que a perspectiva é de continuidade, na fidelidade ao dom que Deus aqui nos entregou pelas mãos de Maria. Isso não significa, naturalmente, que não tenha de haver constantemente uma reflexão alargada sobre os caminhos a percorrer. Nesta altura, peço a Nossa Senhora de Fátima que vele sobre nós, sobre e sobre este seu santuário, para que cumpramos sempre os objectivos da sua mensagem.

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