Pelo menos 36 pessoas foram mortas num ataque desferido pelas forças do exército ugandês, na tarde de ontem. A notícia, avançada pela agência Ansa, refere que as forças governamentais pretendiam atingir apenas os guerrilheiros rebeldes, mas fontes da Igreja Católica já assumiram que, entre as vítimas, estavam várias crianças que tinham sido raptadas. A situação no terreno está a ficar insustentável, de acordo com as mesmas fontes, pelo que os líderes religiosos já fizeram saber que o Uganda necessita de uma nova iniciativa de paz. O Arcebispo John Baptist Odama e o Bispo anglicano Macleord Baker Ochola, representantes da Associação Acholi Religious Leaders Peace Iniziative (ARLPI), reafirmaram essa posição na Alemanha, onde estiveram a convite da direcção nacional das Pontifícias Obras Missionárias alemãs, “missio Aachen”, que apoia o empenho dos Acholi Religious Leaders Peace Initiative (ARLPI) desde a sua fundação, em 1997. “Conseguimos demonstrar que não somente os rebeldes da Lords’Resistance Army (LRA), mas também o governo do Uganda devem ser convidados a renunciar a soluções militares, e a demonstrar uma disposição ao diálogo, com autêntica vontade de pôr fim a esta guerra terrível”, disseram os líderes religiosos, em comunicado enviado à agência Fides pela “missio Aachen”. Desde 1986, os rebeldes do LRA, dirigidos por Joseph Kony – um visionário patrocinado pelo Sudão, que tenta depor o governo do presidente ugandense Yoweri Museveni -, torturaram e assassinaram cerca de 120.000 de pessoas, sequestraram mais de 25.000 crianças e provocaram o deslocamento de mais de um milhão de civis. Em Novembro passado, após visita ao Uganda, o comissário da ONU para Assuntos Humanitários, Jan Egeland, definiu a situação do país africano como “a pior crise humanitária do mundo”.
