Presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização fala num Papa «optimista» que quer recolocar Deus em «primeiro lugar»
O livro «Licht der Welt» (Luz do Mundo), que resulta de uma entrevista entre Bento XVI e o jornalista alemão Peter Seewald, vai ajudar a compreender melhor o actual Papa, assegurou esta Terça-feira o arcebispo Rino Fisichella.
“O objectivo que marca estes anos de pontificado é mostrar quanto é decisivo para o homem de hoje saber acolher a presença de Deus na sua vida”, disse.
Em conferência de imprensa, o presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização (CPNE) apresentou a obra, no Vaticano, destacando o protagonismo da “Igreja” ao longo das mais de 200 páginas da obra.
D. Rino Fisichella destacou, em particular, a relação entre modernidade e cristianismo, muito abordada por Bento XVI, que convida a “conjugar correctamente fé e razão, direitos individuais e responsabilidade social”.
“Colocar Deus no primeiro lugar”, diz o Papa, é fundamental para responder à cultura das décadas passadas, que se empenhou em apresentar como supérflua a “hipótese de Deus”.
No livro, Bento XVI afirma que se vive hoje “uma época na qual é necessária uma nova evangelização” e que a Igreja não é “um aparelho que deve fazer tudo, mas um organismo vivo que vem do próprio Cristo”.
A entrevista, com mais de 90 perguntas, tem um “vasto raio de acção”, disse aos jornalistas o presidente do CPNE.
“Estamos perante um Papa que não foge a nenhuma pergunta, que deseja clarificar tudo com uma linguagem simples, mas nem por isso menos profunda, e que aceita com benevolência as provocações presentes em tantas questões”, disse o arcebispo Fisichella.
Este responsável fala num “Papa optimista sobre a vida da Igreja”, apesar das dificuldades, uma Igreja que, a não existir, levaria ao “colapso de partes inteiras da vida”.
Bento XVI aponta como missão fundamental “compreender a dramaticidade do nosso tempo, permanecer firme na Palavra de Deus como palavra decisiva e, ao mesmo tempo, dar ao cristianismo a simplicidade e profundidade sem a qual não pode agir”.
O presidente do CNPE diz que, desta entrevista, resulta um tom de “familiaridade, confidências, ironia, sarcasmo nalguns momentos, mas, sobretudo, simplicidade e verdade”.
O Papa, indica o arcebispo Rino Fisichella, quis aproximar o grande público do seu pensamento, do seu modo de ser e de conceber a missão que lhe foi confiada.
A conversa entre Bento XVI e Peter Seewald – que já por duas vezes tinha entrevistado Joseph Ratzinger, ainda cardeal – decorreu na residência pontifícia de Castel Gandolfo, perto de Roma, entre os dias 26 e 31 de Julho.
O livro “Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos” vai ter uma primeira edição de 50 mil exemplares em italiano e70 mil em alemão. A obra estará disponível em Portugal no início de Dezembro.