Encontrar um novo espaço para a Pastoral Social foi uma das reflexões que os Secretariados Diocesanos que trabalham nesta vasta área da Igreja em Portugal tiveram numa reunião que decorreu em Fátima, na semana passada. Sob o tecto das relações da Igreja, do Estado e das Instituições de Acção Social da Igreja, um tema acutilante, pertinente e de evidente actualidade, mais do que procurar situações específicas, ou medidas o Pe. José Pereira de Almeida, Director do Secretariado Nacional da Pastoral Social, sublinha como resultado da reunião “a consciência a partir das situações vividas em cada diocese, como forma de pensar convergente”. A intervenção do Bispo do Porto, que reflectiu sobre o tema geral do encontro, foi “dominadora”, possibilitando evitar a discussão “acalorada”, dada a actualidade de algumas situações vividas, “pois não era isso que se pretendia” mas antes procurar “no seu conjunto, reflectir de forma calma e serena, mas não ingénua estas questões”. D. Manuel Clemente partilhou uma reflexão histórica sobre o evoluir da relação Igreja/Estado, recuando mesmo ao Séc XIX, dando uma luz que se torna pertinente para fazer uma leitura actual desta questão. Em destaque este também a próxima Semana Nacional da Pastoral Social, que sendo a 25ª, se tornará no 1º Congresso da Pastoral Social. Marcado para os dias 9, 10 e 11 de Setembro de 2008, a reflexão “vai propor à Igreja que se ponha em questão”. A proposta pretende fazer um balanço de como a Pastoral Social tem vindo a ser desenvolvida, compreendida e perceber o futuro deste trabalho social nas igrejas portuguesas – comunidades, paroquias, instituições Caritas ou Comissão Nacional Justiça e Paz, por exemplo. “Será a possibilidade de nos interrogarmos e percebermos para onde queremos caminhar e construir o futuro”. As novas linguagens e um novo espaço terá de ser encontrado pela Pastoral Social para que continue a ser presença. O Director do Secretariado Nacional da Pastoral Social assegura “estarmos a caminho disso mesmo”, apesar de afirmar “ser cedo ainda para concretizar”. A mudança de nomenclatura – de Semana Nacional para Congresso – será uma mais valia para “um novo peso” e uma forma de apresentar “um projecto consistente que conta já com 24 anos de história”. A 24ª Semana da Pastoral Social este também em análise, tendo sido apresentado “um balanço muito positivo”, sustenta. A identidade das instituições este no centro da reflexão, baseada na primeira Encíclica de Bento XVI. A reflexão ganhou destaque e amplitude em wokshops com temas diversos como a exclusão, a pobreza e a luta contra esta realidade, a imigração, relações interpessoais, “deram um pano de fundo que nos move para o futuro” com a certeza de que não se pode trabalhar com fórmulas velhas, “mas com a criatividade geradora de gestos que a caridade exige”. A Universidade Católica Portuguesa desenvolve um estudo sobre a realidade das instituições de acção social. Uma iniciativa da Comissão Episcopal com a chancela da Conferência Episcopal Portuguesa, que dá agora os primeiros passos, mas que na visão do Pe. José Pereira de Almeida fornece “uma ideia mais próxima do real e propõe caminhos”. Será, então, determinante para os novos caminhos que se desenham. A grande participação nesta reunião, salientando a presença de dioceses como Angra ou Funchal foi também apontada como um factor muito positivo pelo Director do Secretariado Nacional da Pastoral Social.