Novo Bispo Auxiliar de Braga apresenta-se na Quinta-feira Santa

D. António Santos ordenado em Lamego O Bispo de Lamego agradeceu ontem o aconselhamento, solicitude e testemunho de D. António Francisco dos Santos, que na próxima quinta-feira se apresenta em Braga como novo Bispo Auxiliar desta Arquidiocese. «A Diocese de Lamego e o Bispo que a serve agradecem a riqueza que tem sido para ambos o ministério sacerdotal de D. António Francisco dos Santos, no conselho sempre lúcido e ponderado; na solicitude modelar, atenta às pessoas e às circunstâncias; no testemunho generoso, competente, sempre bem disposto e discreto, nos trabalhos diversos e de delicada responsabilidade para que foi chamado», afirmou D. Jacinto Botelho, que também já foi Bispo Auxiliar de Braga, na Ordenação episcopal daquele sacerdote, que decorreu ontem à tarde na Sé de Lamego. D. António Francisco dos Santos, que fará a sua apresentação pública na Quinta-feira Santa, primeiro aos sacerdotes na Missa Crismal, e ao povo, à noite, na procissão do Senhor “Ecce homo”, prometeu «inteira disponibilidade e total doação» enquanto for Bispo Auxiliar da Arquidiocese. O novo prelado vem substituir D. António Marto, actual Bispo de Viseu. Falando na Sé de Lamego, numa cerimónia bem preparada, D. Jacinto Botelho, invocando a protecção da Virgem Maria para o novo bispo, desejou que o seu ministério episcopal seja marcado «por comportamentos de atenta solicitude e abnegado serviço em favor de todos os homens». Logo no início da homilia, aquele prelado lembrou a resposta afirmativa que D. António deu, na manhã do dia 14 de Dezembro, ao Núncio Apostólico em Portugal, quando este lhe perguntou se aceitava ascender ao episcopado – um “sim” pronunciado «com os olhos marejados», confessou D. Jacinto Botelho, acrescentando que «a resposta ao Senhor implica necessariamente sacrifício». E que «só deste modo se é autenticamente Seu discípulo». Passada uma semana, o Papa João Paulo II nomeou-o Auxiliar da Arquidiocese de Braga e Bispo Titular de Meinedo. O Bispo de Lamego, que ontem celebrou o quinto aniversário da tomada de posse da Diocese, disse depois que as leituras bíblicas ontem proclamadas na missa que durou três horas – leituras que D. António Francisco dos Santos escolheu «propositadamente», tal como a data da Ordenação episcopal (ver página 11) – resumem três aspectos do serviço episcopal: «o mistério da vocação, a exigência do testemunho e a radicalidade da entrega ao Senhor e aos irmãos». Leu-se um texto do Livro do profeta Jeremias (1, 4-9) e outro da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo (4, 12-16). «A especificidade desta vocação episcopal – continuou D. Jacinto Botelho, que fez uma homilia breve – é a responsabilidade de ser modelo do rebanho», isto é, na diocese que lhe foi confiada. «O caminho da Igreja é o homem, e a Igreja só será perita em humanidade se os seus servidores, à imitação de Cristo, forem muito humanos também», disse também aquele prelado, dirigindo-se ao novo Bispo Auxiliar de Braga. Citando João Paulo II, o Bispo de Lamego disse ainda ao novo prelado que a «fonte de eficácia e autenticidade no ministério» está na escuta e proclamação da Palavra de Deus. E também na Eucaristia, quer celebrando-a quer na adoração diante do Sacrário. É nisto que se aprende «o jeito de pastorear», ou seja, de ser bispo, sendo também aí que se «intuem as grandes linhas da acção apostólica», ponto de partida para se seguir Cristo «com a generosidade radical» que o Evangelho de São João, no capítulo 12, propõe: «morrer para frutificar, perder a vida para encontrá-la transformada». É que, concluiu D. Jacinto Botelho, «perante a grandeza da vocação e da missão e a exigência do testemunho, só este abandono radical inspirado na Eucaristia, garantirá a fidelidade do ministério». D. António Francisco dos Santos indicou modelo e protector Ordenação no quinto aniversário da entrada de D. Jacinto em Lamego Tal como as leituras bíblicas ontem proclamadas na Sé de Lamego, também a data da Ordenação episcopal de D. António Francisco dos Santos, que completa 57 anos de idade no próximo dia 29 de Agosto, foi escolhida «propositadamente» pelo novo Bispo Auxiliar de Braga. Há 80 anos, recordou, foi ordenado bispo em Roma Ângelo José Roncalli, futuro Papa João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II (1962-1965). «Que ele seja a minha referência, o meu modelo e o meu protector e me ajude a ser Apóstolo da Bondade», confessou D. António Francisco dos Santos no final da celebração presenciada por quase todo o episcopado português e por mais de 180 padres. A Ordenação episcopal aconteceu também no quinto aniversário da entrada solene de D. Jacinto Botelho como Bispo de Lamego, depois de ter sido Bispo Auxiliar de Braga. Foi, assim, «um pequeno tributo de homenagem e de gratidão à sua amizade, dedicação e confiança permanentes e inesquecíveis» — confessou D. António Francisco dos Santos —, manifestado de forma especial no «modo filial» como tem tratado sua mãe, que vive, doente, na Casa Sacerdotal da Diocese. Na sua primeira intervenção como bispo, D. António Francisco dos Santos, que foi aplaudido várias vezes durante a missa pelas centenas de pessoas que ontem à tarde se deslocaram à Sé de Lamego, muitas das quais acompanharam a celebração através de televisões instaladas dentro e fora do templo, explicou por que escolheu as últimas palavras de Jesus no Calvário (In manus tuas, pater – Nas tuas mãos, Pai, entrego o meu espírito…) como lema episcopal (ver coluna). O objectivo é, explicou o novo prelado, «aprender diariamente na escola do Cenáculo, da Cruz e da Páscoa», tornando-se assim «verdadeiro apóstolo da bondade, servo da esperança e reflexo de Jesus Cristo». Emocionado, o novo Bispo Auxiliar de Braga aproveitou também esta ocasião para recordar o seu percurso de vida até ontem e, ao mesmo tempo, agradecer a colaboração e apoio que sentiu ao longo dos anos como sacerdote. «Esta hora é, também, momento maior e abençoado de acção de graças a Deus e de gratidão para com tantas instituições e pessoas de bem que foram moldando o meu ser e o meu viver», disse. Primeiro referiu o Santo Padre em cujo «tão providencial pontificado» se desenvolveu quase todo o seu itinerário de vida sacerdotal. Depois, os bispos de Portugal cuja presença ontem em Lamego interpretou como «testemunho de grande amizade com que desde sempre» o distinguiram e que agora «se faz estímulo e ânimo penhorante» — como retribuição, garantiu-lhes «espírito fraterno e vontade determinada». Seguiu-se a saudação a D. Jacinto Botelho, a D. Eurico Nogueira (com quem trabalhou ao longo de vários anos ao serviço da Igreja «no campo imenso da pastoral das Migrações), a D. Jorge Ortiga (com quem vai, agora, «colaborar com generosidade e alegria, aprendendo a ser o Bispo de que a Igreja pós-conciliar e o mundo do nosso tempo precisam») e a D. Antonino Dias (com quem partilhará em Braga esta missão diariamente). Recordando «os caminhos exigentes nos diversos campos da missão» desde que é padre, D. António Francisco dos Santos agradeceu também a colaboração que teve como Pró-Vigário Geral da diocese de Lamego, bem como às comunidades paroquiais onde deu «os primeiros passos em dias felizes de vida paroquial» e aos emigrantes que acompanhou pastoralmente em França, logo após a ordenação presbiteral, enquanto estudava Filosofia. Evocou também os anos dedicados ao acompanhamento dos padres da diocese de Lamego, aos seminários e às vocações. «Sempre acreditei que Deus chama e que os jovens de hoje são tão generosos como os de sempre», disse. Recordou depois o tempo em que esteve à frente do Centro de Promoção Social Rural, uma instituição diocesana de acção social «com múltiplas valências, encargos e desafios», assim como o trabalho com os movimentos de apostolado e espiritualidade (Convívios Fraternos, Cursos de Cristandade, Casais de Nossa Senhora…). E também não faltaram palavras de louvor à comunicação social, ora «pela forma dedicada e amiga como sempre» o tratou ora pelo «modo atento e solícito como preparou» o dia da sua Ordenação episcopal. Para o final ficou a referência à terra onde nasceu (Tendais, no concelho de Cinfães), à família e aos responsáveis da Casa Sacerdotal de São José, onde tem vivido desde Agosto do ano passado, ele e a sua mãe. «A escolha deste dia é também uma homenagem a esta casa, de que São José (cuja solenidade celebrou-se ontem) é o patrono», confessou D. António Francisco dos Santos.

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