O Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas anunciou ontem a criação de duas estruturas de apoio aos imigrantes semelhantes às Lojas do Cidadão, onde ficarão concentrados todas as instituições estatais de apoio a estrangeiros. Ao participar nos trabalhos da XXI Semana Nacional de Pastoral Social, em Fátima, o Pe. António Vaz Pinto explicou que os dois novos Centro Nacionais de Apoio ao Imigrante (CNAI) são um “passo importante para combater a burocracia e a dispersão dos serviços que constituem um problema adicional para os imigrantes.” Estarão aí representantes dos departamentos do Estado para o imigrante poder resolver os seus problemas, desde a educação à segurança social, saúde ou Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Em Lisboa, o CNAI vai ser instalado na Escola dos Anjos e o protocolo deverá ser celebrado nos próximos dias, adiantou o Pe. Vaz Pinto. Na próxima semana, o Alto-Comissário vai, também, celebrar um protocolo para um programa semanal na RTP2 onde vai existir «uma particular presença das associações de imigrantes». Este projecto, enquadrado na abertura à sociedade do segundo canal público de televisão, pretende conceder uma «voz e uma imagem» aos imigrantes, explicou. Os conteúdos serão da responsabilidade do Alto Comissariado e o Pe. Vaz Pinto confia que os imigrantes «não vão perder uma oportunidade destas», que poderá permitir uma maior sensibilização dos portugueses para os seus problemas e realidades próprias. As jornadas de Pastoral Social que decorrem esta semana em Fátima têm como tema “Imigração humanizada, desenvolvimento solidário” e contam com a presença de mais de uma centena de membros de estruturas católicas que lidam com este tipo de problemas. Hoje, durante a manhã, o Pe. Vítor Melícias fala sobre os «desafios inerentes à imigração», nomeadamente a «participação nas organizações da sociedade civil», «inserção progressiva na vida política» e a «integração nas comunidades religiosas locais». Para falar das experiências de sucesso ou insucesso da imigração, a Comissão Episcopal da Acção Social e Caritativa, entidade organizadora deste evento nacional, convidou os padres Bonifácio, Veríssimo Teles e Marius Pop. Convidou também o engenheiro José da Câmara, que vai relatar as experiências vividas com imigrantes brasileiros, e Rosário Farmhouse, directora do Serviço Jesuíta aos Refugiados. IGREJA EXEMPLAR Quanto ao estatuto dos filhos de imigrantes ilegais, o Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas revelou ontem que deverá ser apresentado um decreto-lei que regula e «dá mais garantias» aos menores, que se encontram actualmente num estado de «vulnerabilidade». O desenvolvimento de projectos de integração das segundas e terceiras gerações de imigrantes em 50 bairros degradados e o reforço da formação de professores em escolas com grande diversidade cultural foram outras das promessas do Pe. Vaz Pinto, que elogiou o papel da Igreja Católica no apoio e integração dos estrangeiros, até na cooperação com a Igreja Ortodoxa, no apoio pastoral. «A Igreja tem posto os seus recursos de um modo brilhante e exemplar neste serviço», afirmou o sacerdote, que destacou também o apoio do Governo para esta causa, aumentando o orçamento para este tipo de despesas de integração. Este responsável justificou o atraso na resposta das estruturas nacionais à realidade dos imigrantes com o «aumento brutal» de estrangeiros em Portugal, encaminhados para este país por «publicidade enganosa» de redes que prometiam ainda uma «fácil legalização». Portugal tem cerca de 450 mil imigrantes, estimando-se que dezenas de milhares de outros permaneçam em Portugal em situação ilegal.