Nova mobilidade exige respostas da Igreja

D. António Vitalino, presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana O presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, D. António Vitalino, fala à Agência ECCLESIA das mudanças que se adivinham nos movimentos migratórios no nosso país e quais as respostas que a Igreja procura oferecer. Agência ECCLESIA (AE) – Reestruturar é a palavra de ordem na Comissão Episcopal da Mobilidade Humana? D. António Vitalino (AV) – É mais a articulação de todos os órgãos. Segundo a Santa Sé há sectores da realidade humana que escapavam à nossa Comissão. Durante uns tempos estivemos mais voltados para os emigrantes e depois para os imigrantes. Entretanto temos também a realidade dos Refugiados, das mulheres mal tratadas e da exploração sexual. Estamos a tentar que os sectores mais importantes – especialmente aqueles que nos dizem mais – venham a ser articulados de forma diferente. Só assim conseguiremos dar resposta a determinados assuntos que merecem uma atenção especial da Igreja. AE – Quais as respostas mais urgentes? AV – Estão na área da assistência religiosa aos emigrantes e imigrantes. Há também as áreas humanitárias e filantrópicas que estão também ligadas à missão da Igreja. Embora, muitas vezes, mais como denúncia profética do que resposta concreta. Não temos os meios suficientes mas temos muitos serviços para articular. AE – Em relação aos imigrantes as respostas são direccionadas em que sentido? AV – Temos de alertar as dioceses e os secretariados diocesanos para que peçam ajuda às Igrejas de origem desses imigrantes e assim poderem ter no nosso país esse conforto do Evangelho e da Igreja. Um conforto essencial nas situações de precariedade. Os organismos Sócio-Caritativos – ligados à Igreja e não só – possam, em situações difíceis dar alguma resposta e algum apoio. Articular com os secretariados diocesanos para que este sector seja mais atendido. AE – Sem esquecer os nossos emigrantes? AV – Nós continuamos a ser um país de emigração. Há muitos portugueses, sobretudo gente nova, que procura novas realidades de vida. Neste momento, a Irlanda e a Inglaterra atraem muita gente nova. Estes, quando não dominam a língua e não estão ambientados, sentem dificuldades. Aí, a Igreja pode exercer um papel fulcral e acolher aqueles que procuram melhorar as suas situações de vida. Muitos deles levam as suas famílias e as crianças. É preciso ajudá-las na formação religiosa e humana. E de alguém que sirva de ponte entre a cultura e essa língua. AE – As dioceses portuguesas disponibilizam padres para o exterior? AV – Infelizmente, cada vez menos, porque não têm clero suficiente ou agentes pastorais para responder às situações. Há sempre um ou outro que gosta de fazer uma experiência noutro país. A Igreja deverá ter um espírito missionário. Um bispo, mesmo com necessidades, acaba por permitir que alguém temporariamente faça essa experiência. AE – Os nossos emigrantes não querem padres somente para alimentar a sua religiosidade popular? AV – Esses são os emigrantes que partiram noutros tempos e, normalmente, são gente mais popular e mais simples. Sentem a ligação com as suas raízes quando vai um padre de Portugal e participa numa dessas celebrações tradicionais de devoção popular. Temos também imensas missões organizadas que sentem falta da catequese e da Eucaristia. Neste ponto é fundamental evoluirmos porque a Igreja de origem não deve substituir a Igreja do país de acolhimento. Fazer a ponte com essas dioceses. AE – Os padres que fazem esta experiência têm uma preparação específica? AV – A realidade de cada país é diferente. Esta comissão quer articular com essas igrejas para que possamos ter processos mais homogéneos de acordo com a instrução do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes.

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