Nova fase «de transparência» na Igreja Anglicana

O impulso dado pela Conferência de Lambeth, para resolver a crise que atravessa há anos, é certamente “prometedor” e o processo adoptado pelos anglicanos, nesta fase tão delicada, é absolutamente “transparente”.

Esta análise sobre o êxito do encontro dos bispos anglicanos é de Donald Bolen, responsável pelo «dossier» anglicano, no Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos.

Monsenhor Bolen publicou, no jornal vaticano L’Osservatore Romano, um artigo sobre contexto, aspectos ecuménicos e resultados da Conferência de Lambeth.

Os anglicanos, a nível mundial, estão há anos à beira do cisma devido ao contraste entre algumas dioceses “liberais” dos países ricos, sobretudo nos Estados Unidos – que ordenaram padres, e até mesmo um bispo homossexual, e deram a benção a uniões de pessoas do mesmo sexo – e as dioceses mais “conservadoras” do sul do mundo, que boicotaram em massa a conferência. Cerca de um quarto dos bispos anglicanos não foi a Lambeth, entre eles os da Nigéria, a província anglicana mais populosa.

Há ainda a questão da ordenação das mulheres como padres e bispos, que não divide – apesar de não faltarem contrastes – os anglicanos no seu interior, mas tem, escreve Mons. Bolen, “efeito sobre o objectivo do diálogo anglicano-católico” porque “impede à Igreja Católica de reconhecer a validade das ordenações anglicanas”.

E, num momento tão grave, Mons. Bolen observa que da Conferência – que não tem nenhum poder de decisão concreta – emergiu uma “direcção”, quase uma estrada de saída da crise, com a indicação de “elementos a breve e longo prazo para um reforço da Comunhão anglicana”.

“Se os anglicanos caminharem na direcção de “uma maior estabilidade eclesiológica e se existe uma coerência dentro da Comunhão Anglicana, esta evolução será, com todas as probabilidades, acolhida e apoiada pela Igreja católica”. Os anglicanos, para o Vaticano, não estão “no mesmo ponto onde se encontravam, quando começou a Conferência”. “Está a nascer um sentido de direcção, que esclarecerá qual é o papel da Comunhão anglicana”.

Redacção/Rádio Vaticano

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