Médica interna de 1º ano em Medicina Geral e Familiar, afirma-se privilegiada por colocar a sua vocação aos serviço dos outros
Lisboa, 08 fev 2021 (Ecclesia) – A médica Carlota Barreira, que iniciou o internato em Medicina Geral e Familiar dois meses antes de a pandemia começar em Portugal, sente-se privilegiada pela sua vocação cuidar das pessoas mas explica que lhe falta a “proximidade”.
“A razão pela qual escolhi esta especialidade relaciona-se com a noção de família e a noção de proximidade. Exercer hoje medicina de proximidade é um grande desafio porque é difícil fazer proximidade pelo telefone e, como imagina, é difícil ser próximo de quem não conheço”, conta a médica interna de 1º ano em Medicina Geral e Familiar a trabalhar na Unidade de Saúde Familiar o Centro de Saúde da Ajuda, em Lisboa.
Carlota Barreira está a terminar o 1º ano do seu percurso e acompanha pacientes da sua orientadora, “pessoas que não conheço” mas que, indica, com quem se estabelece um voto de confiança “médico/paciente”.
“Vivo a solidariedade diariamente nos doentes. Vivo esta profissão certa de que foi sempre assim, foi sempre uma grande troca porque o que os doentes me dão, é muito. Eu pessoalmente sou «copo meio vazio» e na profissão sou «copo meio cheiro»”, sublinha.
A jovem médica afirma a importância dos cuidados de saúde primários como forma de acompanhamento dos pacientes e que atualmente, por causa da pandemia, são “um grande desafio”.
“A pandemia tirou-nos muita coisa, mas mais do que ter tirado ela acrescentou: o trabalho que sempre fizemos, sempre fomos chamados a fazer, não diminuiu nada e eu diria que até acrescentou o desafio da distância. Continuamos a fazer o nosso trabalho, centrado essencialmente nos cuidados de saúde primários”, relata.
Carla Barreira relata uma relação que “não tem rosto” mas que se desenvolve através da voz e da confiança.
“O mais bonito da minha especialidade é a capacidade de acompanhar. O que pretendo daqui a três anos, mais do ser médica é ser médica das famílias que hão-de ser minhas”, ambiciona.
A jovem médica reconhece que o trabalho que realiza se concretiza numa noção de equipa, onde não está sozinha e fala em privilégio ao desenvolver a sua vocação.
“Sinto-me muito privilegiada por poder ser médica e colocar o que estudei ao serviço de todos, mas isso seja em tempo de pandemia ou fora dela. Sinto-me muito privilegiada e muito agradecida pelo apoio”, afirma.
Aos prestar cuidados de saúde primária, Carlota Barreira fala da importância de cuidar de quem cuida, dos “cuidadores informais”, e de estar na “retaguarda”, sentindo-se instrumento de um cuidador maior.
“Quero acreditar que atrás dos meus gestos não estou sozinha, mas sou instrumento de alguém maior do que eu. Como entendo que vou em nome de alguém, a humanidade ganha maior sentido”, conta.
‘Novas conversas’ é o mote do atual ciclo das ‘Conversas na Ecclesia’, com o propósito de partilhar objetivos e desejos para 2021 de jovens de diversas regiões e latitudes, de segunda a sexta-feira, no sítio online da Agência ECCLESIA e na sua página na rede social Facebook.
LS