Nova Comissão Justiça e Paz promete intervenção nas questões centrais da sociedade portuguesa

Manuela Silva perspectiva o próximo triénio A nova Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), que se reúne hoje pela primeira vez, promete estar atenta e intervir sobre as questões centrais da sociedade portuguesa e nos debates sobre os temas mais relevantes para a mesma. Projectando o trabalho do próximo triénio (2006-2008), a presidente da CNJP, Manuela Silva, explica à Agência ECCLESIA que “é importante chamar a atenção para os problemas e dar, sobre eles, uma perspectiva cristã, aproveitando para criar uma consciência cristã mais aprofundada”. Manuela Silva foi designada para este cargo em Novembro de 2005, na última assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, mas já desempenhava funções de vice-presidente na anterior Comissão. Nesse sentido, assegura que “há uma responsabilidade acrescida em dar continuidade ao trabalho já realizado”, através de acções várias. “Os nossos objectivos são claros e obedecem a uma fidelidade ao estatuto que definem esta Comissão como órgão eclesial que tem como finalidade reflectir sobre a Doutrina Social da Igreja, aprofundando-a e tentando aplicá-la às realidades em que estamos inseridos”, assinala. O trabalho dos próximos anos procurará, assim, aprofundar a rede de parcerias que se começou a criar para “potenciar contributos positivos para as causas da justiça e da paz”, envolvendo organismos e movimentos eclesiais, bem como organizações não-governamentais. “É importante todo o trabalho que esta Comissão conseguir desenvolver em rede apoiando as Comissões diocesanas onde elas já existem, fomentando o seu aparecimento onde não existem – desde que os respectivos Bispos queiram aceitar esse desafio – e manifestando disponibilidade para participar em iniciativas de outras organizações”, indica Manuela Silva. Economia, desenvolvimento e tráfico de armas A continuidade é visível em dois grupos de trabalho que vêm da Comissão anterior, nomeadamente o grupo de reflexão sobre economia e sociedade e o observatório sobre o comércio e a proliferação das armas. O primeiro, que já realizou várias iniciativas e inclusivamente publicou a obra “Cidadania activa. Desenvolvimento sustentável” irá prosseguir o trabalho de divulgação desta obra em várias localidades do país, com o objectivo de “vê-lo transformado num instrumento de trabalho e de reflexão para os cristãos” sobre questões do mundo do trabalho e do emprego num mundo globalizado, como revela Manuela Silva. Relativamente ao observatório para as armas, continuam já em Fevereiro as sessões públicas da audição “Por uma sociedade segura e livre de armas”. Um novo projecto irá nascer neste triénio, sobre a “Educação para o Desenvolvimento”, e irá ser aplicado quer em paróquias, quer em escolas. “O projecto visa desenvolver, entre a população mais jovem, a consciência do mundo em que nós vivemos, pondo em destaque as desigualdades e as questões da globalização. Será um projecto piloto que gostaríamos de avaliar para depois alargar a outras aplicações”, adianta a presidente da CNJP. Para o futuro, a Comissão irá ainda voltar a realizar um seminário sobre as questões do emprego e, em 2007, uma conferência com projecção nacional. Lutar contra a «crise» Num país que se define como maioritariamente católico, o clima que se vive é de crescente pessimismo e mesmo apatia perante a tão propalada “crise”. Manuela Silva assegura que a CNJP irá tentar combater esta situação. “Parece-me que se tem usado e abusado da designação de crise e da apresentação de uma situação de crise. Isso não contribui em nada para a mobilização das consciências e para a potencialização das capacidades que, efectivamente, existem”, observa. Particularmente responsabilizadas devem ser, segundo Manuela Silva, as comunidades cristãs, “que têm o papel muito importante de anunciar a esperança, não em abstracto, mas resultando num compromisso efectivo das pessoas e dos grupos na transformação da própria sociedade”. A presidente da CNJP fala de muitos exemplos positivos “em muitos sectores”, desde o ensino às empresas, passando pela acção social, o serviço de proximidade ou as novas iniciativas empresariais. “No que de mim depender, procurarei alimentar esse sentido da esperança, que vai a par do sentido da responsabilidade” conclui. CNJP 2006-2008 A CNJP é um organismo laical, fundado nos anos 80 pela Conferência Episcopal Portuguesa, com a finalidade genérica de promover e defender os ideais da Justiça e da Paz à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja. A sua constituição, no próximo triénio, será a seguinte: Manuela Silva (presidente) Alfredo Bruto da Costa (vice-presidente) Maria do Rosário Carneiro (vice-presidente) Maria Eduarda Ribeiro (secretária) Manuel Amaral (tesoureiro) Fernando Roque de Oliveira Joana Tribolet Joaquim Azevedo José Dias da Silva Maria Emanuel Almeida Maria Isabel Roque de Oliveira Paulo Fontes Pedro Vaz Patto Pe. José Manuel Pereira de Almeida (assistente)

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