Nova Comédia Italiana

Entre os géneros que frequentemente caracterizam os filmes estreados conta-se com a comédia. E, ao longo de muitos anos, a Europa emparceirava com os Estados Unidos em obras de qualidade nesta área. A Inglaterra, bem antes da desgraça dos «Carry on…», tinha nos anos 40 e 50 filmes com um humor tipicamente britânico, como o inesquecível «O Quinteto era de Cordas» (1955) ou, ainda antes, «Oito Vidas por um Título» (1949), apenas como exemplos. Em França pontuava Fernandel e, mais tarde, Louis De Funés, entre muitos outros. A comédia italiana, por sua vez, contava com Vittorio De Sica, como actor, Vittorio Gassman e sobretudo Totó, que percorreu a década de 30, no seu final, à década de 60, numa extensa e frutuosa carreira. Hoje as comédias americanas são, na sua maior parte, banais e repetitivas, cen-trando-se sobretudo em problemas da juventude tratados de uma forma leviana. Na Europa parece tentar-se a recuperação do prestígio perdido. De Itália, há muito quase estagnada neste género, vai agora estrear «Almoço de 15 de Agosto», que mostra como é possível desenvolver um filme de uma forma original e com muito humor. Primeiro filme de Gianni Di Gregorio como realizador mostra uma rara inspiração. Centra-se em cinco personagens centrais e cada uma tem o devido realce, tirando-se o melhor partido de expressões muito vivas da parte de quatro senhoras de idade que ficam a cargo de um só homem, um papel do próprio realizador. O humor nesta pequena tertúlia de cinco elementos é baseado sobretudo nos diálogos, muito bem redigidos, e nas características peculiares de cada um dos intervenientes. Caminha-se na promoção dos valores da amizade e na possibilidade do seu estabelecimento num curto espaço de tempo. Recupera-se assim o interesse pela comédia italiana e espera-se que este seja um bom arranque para obras congéneres a produzir nos próximos tempos. Francisco Perestrello

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