Nota Pastoral de D. Manuel Pelino

«Partir para nova missão»

As nomeações para responsabilidades pastorais geram grandes expectativas e podem prestar-se a confusões. Por isso, nunca é demais repetir que são a entrega de um serviço ao evangelho e que devemos fugir da visão de carreira eclesiástica ou de acesso a lugares de importância e de poder.

Na verdade, uma função pastoral ou um ofício eclesiástico confiado a um pároco é uma missão, na continuação dos discípulos e dos apóstolos enviados por Jesus a pregar e a construir o Reino de Deus. Missão evoca um serviço voluntário, dedicado, humilde, feito em nome de alguém (neste caso em nome da igreja). Quando um servidor do evangelho é nomeado parte para uma missão. Nesse sentido, acho oportuno chamar a atenção para alguns aspectos.

Quando um pároco assume o serviço pastoral de uma paróquia, integra-se numa corrente que tem uma história antiga. Na verdade, a igreja animada pelo Espírito Santo, está em movimento nessa paróquia há muitos séculos. A fé cristã não vai começar com ele. É-lhe pedido apenas que escreva uma página mais de uma história em que Deus é o escritor (ou actor) principal. No entanto, a página que escreve é sempre nova porque tem a marca de um carisma pessoal e único que lhe é dado pelo Espírito para servir a igreja. Por outro lado, a novidade que leva deve estar sempre em continuidade com a acção do Espírito Santo presente na história de fé da igreja.

O crescimento de uma comunidade precisa de carismas variados. Cada pároco contribui com dons peculiares. Para que a comunidade cresça e se enriqueça em várias dimensões, é vantajosa a mudança de párocos. Ajuda a desenvolver a comunidade e o próprio pároco que é estimulado a viver o “êxodo” e a começar de novo.

Antes de partir deve arrumar a casa, pois outro sacerdote virá continuar a mesma missão apostólica. Procure, portanto, com o Conselho Económico e o Conselho Pastoral, colocar em dia o inventário do património móvel e imóvel, registar os principais indicadores da vida pastoral e as iniciativas de evangelização em curso. Arrume o cartório, actualize o arquivo e o registo dos sacramentos. Neste sentido, é necessária uma reunião com o Vigário da Vara e um representante da Cúria Diocesana para assinalar a continuidade do trabalho eclesial. Há orientações publicadas a este respeito que devem ser seguidas.

É importante também preparar a vinda do novo pároco. É a passagem do testemunho, da chama da fé. Na perspectiva de serviço à igreja, procure dispor os paroquianos para acolherem o novo pároco como enviado de Deus através da igreja. Ajude a designar uma comissão, de entre o Conselho Pastoral e Económico, para coordenar este evento.

Prepare-se para partir olhando em frente, com o coração ao largo, confiando na palavra do Senhor: “à tua palavra lançarei as redes”. Uma nova missão é um desafio a procurar caminhos novos para uma nova evangelização. A celebração dos cinquenta anos do Concílio vaticano II e o Sínodo sobre nova evangelização lembram-nos algumas direcções da renovação pastoral que todos somos convidados a pôr em prática: dar mais atenção e espaço aos carismas dos fieis, designadamente dos leigos, promovendo e estruturando a corresponsabilidade pastoral; agir em comunhão eclesial e desenvolver o trabalho pastoral em equipa; criar novas experiências de evangelização que atinjam os afastados e contribuam à transmissão da fé. Um campo vasto e sugestivo que não nos deixa olhar para trás.

Santarém 29 de Junho de 2012

+Manuel Pelino Domingues, Bispo de Santarém 

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