Nos fundamentos de Viana

A notícia da nomeação de D. Armindo Lopes Coelho, para bispo de Viana do Castelo, comunicada a 27 de Outubro de 1982, foi acolhida com a maior alegria e esperança por toda a Igreja Diocesana vianense, do clero aos fiéis leigos e religiosos, das comunidades paroquiais aos Movimentos de Apostolado. A nomeação de D. Júlio Tavares Rebimbas para a Diocese do Porto, em 18 de Fevereiro desse ano, lançou a Igreja Diocesana num clima de orfandade, pela sua ainda muito nova caminhada como Diocese. Os meses foram passados entre interrogações e dúvidas, por vezes boatos, sobre o futuro Bispo. O anúncio da sua nomeação, a 29 de Setembro, veio ao encontro das expectativas e remotivou a esperança com toda a Diocese a começar a movimentar-se para a festa da sua entrada, na solenidade da Imaculada Conceição. Na luz da Palavra de Deus e no horizonte da sua nova missão como Pastor da Igreja Diocesana Vianense, D. Armindo apelou a uma igreja “comunitária e correspondente”. Nesse primeiro encontro com os fiéis da Igreja, que lhe foi confiada, anunciou e revelou algumas das linhas fundamentais do seu ministério. Em todos os encontros como Pastor, D. Armindo iniciava a sua reflexão pela Palavra de Deus, que apresentou como “…revelada em momentos distintos e sucessivos do processo histórico, converge harmónica e pedagogicamente para nos recordar a história da humanidade e a condição da criatura humana, em liberdade e nas suas consequências, e também a Misericórdia de Deus que nos destinou à amizade e comunhão com Ele…” Referenciando Nossa Senhora, na solenidade da Sua Imaculada Conceição, D. Armindo acentuou a Sua Fé e acreditar na Palavra de Deus colocando-Se ao serviço do Senhor para ser instrumento da Sua vontade assumindo “a melhor expressão de liberdade humana… causa de salvação para Si e para todo o género humano”. Sobre a Igreja afirmou claramente que “referenciada a Deus e aos homens, a Igreja descentraliza-se a si mesma para se concentrar em Cristo, que é o mistério do plano salvador de Deus revelado aos homens, a graça de Deus perceptível na História”. Na luz desta Igreja denunciou os riscos do medo por falta de confiança, de presunção e violência face a minoria de não crentes ou de crentes não totalmente incorporados na Igreja ou o risco e pecado “de omissão e abandono em relação àqueles que não conhecem ou não compreendem ou até perseguem a mesma Igreja”. A Igreja tem por missão ir ao encontro de todos anunciar e oferecer a salvação em Jesus Cristo e todos os seus membros estão comprometidos nesse projecto, sem lugar para instalados nas seguranças do trabalho dos outros. A terminar a sua primeira Mensagem, D. Armindo, após ter referenciado os vários sectores da população e a todos envolvendo na comunhão e corresponsa-bilidade, apelou e convidou a todos a corresponder às iniciativas do Amor de Deus no Alto Minho num “coro de disponibilidade geradora de optimismo e solidariedade redentora”, para como Maria sermos “servos do Senhor na realização da Sua vontade”. Na luz desta Mensagem torna-se compreensível doto o leque variado de acções e intervenções de D. Armindo na formação dos sacerdotes e agentes da pastoral, os jovens e os adultos, a dinamização da cultura religiosa, no apoio e presença constante aos movimentos de Apostolado, o aprofundamento do espírito e sentido da Igreja-Comunhão e Comunidade Diocesana, o encontro com as Comunidades Paroquiais, que visitou duas vezes no seu tempo de Pastor. Para a sensibilização da Diocese para a formação do Clero e formação deste no espírito da Diocese, lançou as obras de adaptação do antigo Colégio de Monção para Seminário Menor, hoje centro de irradiação pastoral, e construiu o Seminário Diocesano Frei Bartolomeu dos Mártires, em Viana do Castelo, ao mesmo tempo de acompanhava solicitamente os alunos maiores nos Seminários Arquidio-cesanos, que visitava, e acolhia no Centro Pastoral, em Darque. Na formação dos Sacerdotes e sua actualização lançou as Semanas de Actualização, os encontros de fim de ano e na Quinta Feira Santa, as visitas aos doentes e idosos, e a abertura do Centro Diocesano de Cultura e, mais tarde Instituto Católico oferecendo cursos de actualização e outras iniciativas. Aos jovens integrados em Movimentos Juvenis ou Grupos Paroquiais dispensou especial atenção e carinho. Estando nos seus encontros e disponibilizando para a Pastoral Juvenil o fruto da Renúncia Quaresmal de um ano, viabilizando a aquisição de equipamentos, cursos e iniciativas de formação e outras actividades. No âmbito da Pastoral Familiar deu sempre o maior apoio aos vários Movimentos, inteirando-se das suas actividades, que partilhava, e apoiando quando necessário. A educação da Fé ocupou sempre um lugar privilegiado, a nível da Infância e Adolescência e Jovens, tendo mesmo sido lançado o Departamento de Educação na Fé para os Adultos. E nesta perspectiva instituiu o Centro Diocesano de Cultura e o Instituto Católico, abrindo aos fiéis leigos a participação nas Semanas de Teologia. Neste campo da formação, afirmou-se acontecimento importante o Curso Diocesano de Pastoral Litúrgica, sempre dedicadamente acompanhado. Espaços privilegiados de Evangelização foram igualmente as Peregrinações Diocesanas ao Sagrado Coração de Jesus e Senhora do Minho, bem como a outros Santuários arciprestais. Na construção da comunhão na Igreja Diocesana, ocupou lugar importante a realização das Semanas da Diocese com tempos fortes de reflexão, oração e partilha. Insere-se igualmente neste horizonte, o encontro anual com os Emigrantes das paróquias da Diocese num clima de festa, diálogo e convívio aberto e construtivo. Acontecimento marcante foi a Assem-bleia Diocesana de Leigos reunindo em Viana do Castelo, cerca de 17 mil pessoas, que após uma longa preparação convergiram para vários locais da cidade em tempos de reflexão e culminando com a Concelebração Eucarística no castelo de Santiago da Barra. Na linha da comunhão e corresponsa-bilidade foram aprovados os Estatutos dos Conselhos Pastorais Paroquiais, o Estatuto Económico do Clero e do Fundo Diocesano do Clero e lançada a preparação do Conselho de Pastoral Diocesano. Ao longo da sua presença em Viana do Castelo, D. Armindo desenvolveu um diálogo contínuo de respeito, liberdade e cooperação com as autoridades e instituições públicas ou privadas. D. Armindo foi verdadeiro Pastor Evangelizando, Celebrando a Fé e iluminando e dinamizando a Comunhão. Mons. Reis Ribeiro, Chanceler da Cúria Diocesana de Viana do Castelo

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