No seminário cresce o futuro

Mensagem para a Semana dos Seminários 1. Na margem do mesmo mar, o mar de Tiberíades, onde dias antes tinha encontrado e chamado os primeiros discípulos, Jesus fala à multidão. Jesus recorre a parábolas, as parábolas da vida quotidiana, para falar de realidades simples, de acontecimentos comuns, de situações naturais e de linguagens compreendidas. Cada parábola transporta em si uma bela mensagem, convida a uma oportuna reflexão e tem como finalidade preparar os discípulos e a multidão para os tempos novos do Evangelho e da Igreja que as palavras de Jesus e os milagres que as acompanham e confirmam já anunciam. As parábolas oferecem-nos a chave interpretativa dos critérios do Evangelho e os paradigmas da vida dos discípulos de Jesus. Fixemo-nos, por momentos, na parábola do semeador. “O semeador saíu a semear” (Mt.13,3). 2. Se aplicarmos a parábola do semeador à vocação presbiteral, o Seminário é o espaço e o tempo em que se acolhe e trabalha a sementeira, feita no campo imenso e plural da juventude sempre generosa e criativa que vemos surgir nas famílias, nas comunidades, nos movimentos apostólicos, na pastoral juvenil e universitária, no voluntariado missionário, no serviço aos pobres e em tantos gestos de verdade, de heroicidade e de doação. Dias de sementeira no mundo rural são sempre dias de esperança e de festa. São momentos de trabalho empreendedor e de esforço acrescido que anunciam, segundo o ciclo da natureza, horas de colheita. O semeador que sai a semear leva em si uma insuperável e ilimitada confiança. Só é semeador quem acredite que o seu tempo não é perdido e que o seu gesto não é vão. Semear é apostar na esperança. O segredo e o milagre da semente, que a seu tempo germina e se multiplica em frutos, dizem-nos que cada gesto do semeador e cada momento da sementeira devem ser gestos e tempos de acção de graças: pelo qualidade da semente, pela fecundidade do terreno e pelo trabalho do semeador. 3. A Semana dos Seminários insere-se, no início de cada ano lectivo, neste contexto do “semeador que saiu a semear”, recordando-nos que no Seminário cresce o futuro como no campo semeado germina a semente. O compromisso com os Seminários, que esta Semana anuncia e intensifica, não se deve limitar a um mero acto de simpatia e de afecto para com a Instituição ou de generosidade para a conservação e valorização do Edifício e de sustentabilidade económica da Casa onde o Seminário funciona. O compromisso com os Seminários, que nesta Semana e sempre se pede, é um compromisso de oração, de afecto, de estímulo e de abertura a uma bem estruturada pastoral vocacional e a uma maior comunhão eclesial. Tenho a certeza de que é o Espírito de Deus que nos move para esta generosidade e nos impele para esta comunhão. Importa purificar o nosso olhar face à realidade da vocação e ao trabalho desenvolvido nos Seminários, como missão essencial da Igreja, e intensificar a nossa oração, generosidade e colaboração. Para nos ajudar em iniciativas de criatividade pastoral, de oração e de generosidade coloco nas vossas mãos este guião pastoral elaborado com dedicado empenhamento, a pedido da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, pelos Seminários do Patriarcado de Lisboa. Sempre que a Igreja se abre ao compromisso, à comunhão e à unidade, o futuro não intimida nem aflige Cumpre-nos manter a confiança em Deus que não falta. A hora que se vive nos Seminários é uma hora de serenidade e de confiança, que nos reenvia para a missão: uma missão que emerge do Baptismo e nos diz a cada momento o caminho a que Deus nos chama e o campo de trabalho a que nos envia. Este é um tempo propício para a sementeira, porque embora as decisões vocacionais sejam cada vez mais tardias, os sinais da vocação são frequentemente mais precoces. 4. No início do mês de Setembro realizou-se na Casa Diocesana de Espiritualidade do Patriarcado, no Turcifal, o Encontro anual de Formadores dos Seminários. A alegria de ver reunidas as Equipas Formadoras dos Seminários de todas as Dioceses de Portugal e o ambiente que aí se viveu consolidam em cada um de nós a certeza de que o caminho que percorrem os Seminários é o caminho necessário onde felizmente não faltam, no trabalho da formação dos futuros presbíteros e da pastoral vocacional, servidores lúcidos, competentes e generosos. Para lá da missão específica de preparar os futuros presbíteros, o Seminário está também vocacionado para ser centro de comunhão, eixo de convergência, elo de diálogo com os presbíteros e com as comunidades e servidor atento da unidade da Igreja diocesana. 5. Que Nossa Senhora, presença de Mãe na vida de Jesus e no percurso de fidelidade da Igreja, ajude os Seminários, os seus alunos, formadores, funcionários e benfeitores, a cumprir a missão de continuar hoje a Escola de Jesus, o Mestre e Pastor, procurando ser sementeira de vocação e de santidade onde se preparam os novos discípulos de Jesus e onde cresce o futuro da Igreja. D. António Francisco dos Santos – Bispo de Aveiro, Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios

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