Nigéria: Bispo católico acusa presidente de responsabilidade de «poça de sangue» no país

D. Matthew Kukah fala em «favorecimento» de muçulmanos em «lugares-chave» no poder e questiona desaparecimento de jovens

Lisboa, 19 out 2020 (Ecclesia) – O bispo de Sokoto, na Nigéria, questionou o presidente Mohammadu Buhari pelo desaparecimento de jovens raptadas e acusou o líder, no poder desde 2015, de ser responsável pela “poça de sangue” em que se transformou o país.

“Onde estão as filhas Chibok? Onde está Leah Sharibu? Quem são os assassinos que invadiram a nossa terra? A nossa terra agora é uma poça de sangue”, afirma D. Matthew Kukah através de uma mensagem enviada à Agência ECCLESIA e divulgada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

O comunicado explica que as “filhas de Chibok” são as estudantes de uma escola secundária feminina sequestradas a 14 de abril de 2014, num ataque da responsabilidade do grupo jihadista Boko Haram, no qual 276 raparigas foram raptadas, das quais ainda várias dezenas estão dadas como desaparecidas.

Leah Sharibu, que o bispo também lembra, foi vítima de outro sequestro na escola de Dapchi, a 19 de fevereiro de 2018, e ainda não foi encontrada, ao contrário das outras 110 jovens raptadas – libertadas e devolvidas às suas famílias, cerca de um mês depois da ocorrência.

A jovem ainda desaparecida, de 15 anos, “recusou converter-se ao Islão como os terroristas exigiam e, por não ter renunciado à sua fé, continuou em cativeiro”.

O bispo de Sokoto acusa o presidente da Nigéria de incapacidade de “suster uma onda de violência”, sem dar resposta “a casos que afligem tantas famílias”.

D. Matthew Kukah culpa Mohammadu Buhari de “não ser capaz de suster os grupos armados que têm vindo a semear o terror entre a comunidade cristã, especialmente na região norte do país”, onde atua o grupo jihadista Boko Haram.

Em agosto, o bispo nigeriano deu conta de um “genocídio” a acontecer naquele país, e afirmou a responsabilidade das “Forças Armadas por não conseguirem anular o foco de insurgência terrorista no norte do país”, que causou mais de 36 mil mortos desde 2009 e mais de dois milhões de deslocados.

D. Matthew Kukah diz mesmo que o “nepotismo se transformou na nova ideologia” da Nigéria e está a tomar conta da governação do país, visível no “favorecimento dos muçulmanos na atribuição dos lugares-chave do poder”.

LS

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Agência ECCLESIA

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