Nicarágua: Igreja Católica suspende mediação do diálogo para a reforma política do país

Conferência Episcopal denuncia «ameaças de morte» que têm recaído sobre «bispos e sacerdotes»

Cidade do Vaticano, 25 mai 2018 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal da Nicarágua suspendeu a sua participação como mediadora no processo de reforma social e política do país, por considerar que não estão reunidas condições de sucesso a nível nacional.

De acordo com o portal Vatican News, os bispos consideram que por agora “é impossível avançar” com as reformas, uma vez que “nem a questão da democratização reúne consenso”.

Aqueles responsáveis católicos lamentam ainda as “ameaças de morte” que têm sido feitas “a bispos e sacerdotes”, e as campanhas de “descrédito” lançadas na praça pública, contra o trabalho desenvolvido pela Igreja Católica nesta matéria.

A discussão tem envolvido o governo do presidente Daniel Ortega e representantes de vários setores sociais da Nicarágua, desde instituições civis, organismos do setor privado e também os estudantes.

O diálogo está neste momento bloqueado sobretudo em três pontos: a reforma constitucional para a realização de eleições antecipadas, a reforma da lei sobre a organização do poder legislativo e o lançamento de novas reformas com a assistência de organismos externos como a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos.

“A paz que estamos à procura não é a paz dos cemitérios, nem a dos escravos submetidos, é a paz que nasce das pessoas reconciliadas. Nós aceitamos ser mediadores do diálogo nacional para não convidar delegações estrangeiras ou internacionais”, salientou em comunicado D. Báez Ortega, bispo auxiliar de Manágua.

Por seu lado, o Governo tem assumido uma posição contra aquilo que considera ser a “imposição unilateral” de uma determinada “agenda”.

O executivo de Daniel Ortega critica de modo particular a proposta relacionada com a reforma constitucional e a antecipação de eleições para o início de 2019, o que no entender dos atuais responsáveis políticos pode representar uma porta aberta para um “golpe de Estado”.

Através do ministro do Interior, Denis Moncada, o Governo da Nicarágua sublinha também a importância de incluir no “programa de diálogo” medidas contra “os protestos e os atos de violência” que têm marcado o debate.

JCP

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