Nicarágua: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre alerta para «tentativa de silenciar a Igreja»

Diretora de projetos internacionais da organização afirma que «não há uma solução fácil»

Foto: Vatican Media

Lisboa, 27 ago 2022 (Ecclesia) – A diretora de projetos internacionais da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alerta para “uma tentativa de silenciar a Igreja na Nicarágua”, com os atos de perseguição e violência do Governo, e assinala que “não há uma solução fácil”.

“Estes acontecimentos representam uma nova escalada numa espiral de confrontação”, disse Regina Lynch, na informação enviada à Agência ECCLESIA pelo secretariado português da AIS.

Os atos de perseguição e violência por parte do Governo da Nicarágua, incluíram a prisão domiciliária do bispo D. Rolando Álvarez, em Manágua, sob a acusação de “organizar grupos violentos”, alegadamente “com o propósito de desestabilizar o Estado da Nicarágua e atacar as autoridades constitucionais”.

A fundação pontifícia informa que com o bispo também foram presos três padres, um diácono, dois seminaristas e um fotógrafo, estão no “famoso” centro de detenção El Chipote, em Manágua, onde os presos políticos são detidos, mas no total são seis os padres presos, incluindo dois padres de Granada e um padre missionário de Siuna, desde 14 de agosto, “sem quaisquer acusações conhecidas”.

O governo de Daniel Ortega fechou ainda oito emissoras de rádio ligadas à Igreja Católica e expulsou do país Missionárias da Caridade, congregação religiosa fundada por Santa Teresa de Calcutá.

A diretora de projetos internacionais da fundação pontifícia assinala que a Nicarágua “continua a ser agitada” pela crise que começou há mais de quatro anos, e a situação “é crítica, com grande polarização e confrontos”.

Segundo Regina Lynch, assiste-se “a uma tentativa de silenciar a Igreja na Nicarágua”, e “não há uma solução fácil”, por isso, é preciso “apoiá-los tanto quanto possível”.

“Acreditamos que a oração é mais importante do que nunca neste momento; Temos de rezar para que possa haver uma solução pacífica e não um aumento adicional das hostilidades”, desenvolveu sobre o país da América Central.

No domingo, dia 21 de agosto, o Papa manifestou a sua preocupação com a situação na Nicarágua,  após a recitação do ângelus, no Vaticano.

“Sigo de perto, com preocupação e dor, a situação criada na Nicarágua, que envolve pessoas e instituições”, disse Francisco.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa manifestou “a convicção e o desejo de que, através de um diálogo aberto e sincero, ainda se possam encontrar as bases para uma convivência respeitadora e pacífica”.

epa10121622 Hundreds of peFoto: lusa/EPAople attend a mass during the celebration of the Griteria Chiquita in front of the Cathedral of Leon, Nicaragua, 14 August 2022. Seventy-five years ago, the city of Leon suffered for more than a month one of the most inclement eruptions of the Cerro Negro volcano, a circumstance that brought together hundreds of faithful in the Cathedral to perform a prayer guided by the bishop of the diocese, Monsignor Isidro Augusto Oviedo y Reyes, who implored the Virgin of the Assumption for her help to stop the fury of the volcano and promised to celebrate every year a ‘Shouting of Penitence’ or ‘Little Shouting’ (Griteria Chiquita), similar to the traditional Griteria that is held every 07 December. EPA/Jorge Torres

A tensão entre o regime de Ortega e a Igreja Católica, agudizou-se nas semanas que antecederam as eleições presidenciais de 2021, das quais sairia vitorioso Daniel Ortega, depois de mandar prender vários pré-candidatos da oposição.

O núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) na Nicarágua, D. Waldemar Stanislaw Sommertag, foi expulso em março deste ano, numa decisão criticada pelo Vaticano.

As Conferências Episcopais de Cuba, de Itália e do Brasil manifestaram a sua solidariedade e proximidade à Igreja Católica na Nicarágua.

A Fundação Pontifícia ‘Ajuda à Igreja que Sofre’ também expressa “a sua fraternidade, amizade e comunhão” em relação à “triste e dolorosa situação sofrida pelo clero e por toda a Igreja na Nicarágua”.

CB

 

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Agência ECCLESIA

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