Natal: «O presépio é um dos símbolos mais poderosos da infância mediterrânica» – Alexandre Nobre Pais (c/vídeo)

O autor do livro “O Presépio em Portugal” fala da importância da representação “onde toda a gente pode participar”

Foto. Agência ECCLESIA/SN

Lisboa, 19 dez 2020 (Ecclesia) – O autor do livro “O Presépio em Portugal”, Alexandre Nobre Pais, falou com a Agência ECCLESIA acerca do “significado do presépio na infância” e sua construção em cada casa, uma representação do nascimento “onde toda a gente pode participar”. 

“É uma forma da pessoa se sentir reconhecida no espaço divino, materializar no quotidiano o mistério, quando nasceu Jesus existiam pessoas com aqueles trabalhos, muitos não tinham consciência e a vida decorria normalmente; toda a gente pode participar anualmente e há a ideia da universalidade”, explica. 

Para Alexandre Nobre Pais o presépio foi criado enquanto “instrumento de reflexão e contemplação, deter-se em cada personagem”.

“Quando S. Francisco de Assis faz o seu presépio é uma revolução, traz para o exterior, antes reservado ao culto, depois nele coloca personagens vivas, animais e pastores, e é dado um carater mais profano onde podíamos participar e a partir daí começou a utilização do presépio no teatro”, recorda. 

Segundo o autor o presépio foi ganhando interesse, as “figuras não eram consideradas esculturas e esse era um preconceito nos séculos XIX e XX”, mas depois começa a haver figuras para as Igrejas e para a corte.

“Em meados do século XIX o presépio torna-se popular, nas casas toda a gente tem o seu presépio, seja crente ou não”, aponta. 

Alexandre Nobre Pais lembra mesmo o ritual da sua infância, “onde começou o interesse pelos presépios”, desde o apanhar do musgo ao colocar das peças. 

“O presépio é, talvez, um dos símbolos mais poderoso da infância mediterrânica, tem grande peso em Itália, Espanha, Portugal e mesmo em França, e está sempre relacionado com aspetos da infância, o musgo que se ia buscar, as figuras que se ganhavam como prémio d bom comportamento, a tradição de movimentar os reis magos até ao centro do presépio, era um jogo que ficava na memória e o presépio era um instrumento de infância”, refere. 

O especialista considera ainda que a montagem do presépio entre várias gerações da família pode ter um “aspeto terapêutico” fazendo “reconciliar o passado, trazendo memórias de outros tempos e reencontro de uma vida mais fácil”.

Esta entrevista é mote para o programa de rádio ECCLESIA deste domingo, na Antena 1 da rádio pública, pelas 06h00, ficando depois disponível no site agencia.ecclesia.pt

HM/SN

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