Natal: «Há uma sedução pela mesa que nos convida a outra transcendência» – Chefe Kiko Martins (c/vídeo)

Cozinheiro português recebeu a Agência ECCLESIA para uma «ceia» diferente

Lisboa, 24 dez 2019 (Ecclesia) – O chefe Kiko Martins afirma que “há inevitavelmente uma sedução pela mesa”, que convida a “outra transcendência” que é o convívio com o outro, especialmente no Natal..

“A mesa tem esta capacidade de nos unir no momento, do confronto de olhar, de aprendermos a rir de nós próprios, e de aprendermos a comungarmos daquele momento”, disse o cozinheiro português, depois de confecionar o seu ‘Bacalhau à Lisboa’, um prato inspirado no típico Bacalhau à Brás.

Numa entrevista à Agência ECCLESIA, no seu novo restaurante, o chefe sustenta que foi o “mundo concreto” que sentiu necessidade da mesa, “seja física ou como em muitos países sentados no chão, ou doutras maneiras”.

Para Kiko Martins, o Natal convida a “um olhar mais profundo sobre a realidade”, de maior compaixão perante as pessoas todas, mas “acima de tudo convida a um encontro e a um encontro de tempo”.

O chefe assinala o “consumo da mesa”, onde se “fala do polvo, do bacalhau, no peru” e nas formas de confeção diferentes, como um dos “três grandes blocos” associados ao Natal, além do inevitável “consumo das prendas”.

“Tem aparecido um terceiro muito giro, fala-se na partilha. Um bloco interessantíssimo que não se falava e se dá relevo cada vez mais”, desenvolveu, dando como exemplo um anúncio televisivo onde o Pai Natal tinha filhos “e o mais importante era que voltasse a tempo de brincar”.

Segundo o entrevistado, que já foi voluntário na Comunidade Vida e Paz e esteve em missão com a organização não-governamental católica Leigos para o Desenvolvimento, num mundo “tão evoluído” as pessoas esquecem-se de uma coisa “tão clara e tão objetiva e tão premente e crucial, como o tempo”.

Kiko Martins observa que, quando se pensa “profundamente” no que é que é a mesa, as pessoas não se sentam só para se alimentarem: “Se fosse apenas alimentação comeríamos de pé e de uma forma utilitária”.

“Há inevitavelmente uma sedução pela mesa que nos convida a outra transcendência, que é o convívio com o outro e convivendo com o outro convivendo com nós próprios”, realça.

Neste contexto, destaca a teoria que existe na gastronomia de “nunca pôr números pares nos pratos”, ou seja, os números ímpares “geram sempre discussão e interatividade”, como duas pessoas numa mesa com três croquetes, uma vez que “o terceiro gera conversa”.

PR/CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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