Natal: «É muito bonito ver nascer o menino Jesus», diz artesã, que expõe trabalhos na 23ªedição de «Presépios de Portugal» em Vila do Conde

Isabel Carneiro trabalha com rendas de bilros e faz parte do grupo de 80 artesãos com peças em exposição, entre 1 e 30 de dezembro

Vila do Conde, 18 dez 2023 (Ecclesia) – Isabel Carneiro trabalha com a arte das rendas de bilros desde que se lembra e este ano expõe os presépios que compõe na exposição “Presépios de Portugal”, em Vila do Conde, que apresenta, na 23ªedição, cerca de 3500 trabalhos de 80 artesãos.

“É muito bonito, é muito motivador, mas é um desafio muito grande ao mesmo tempo. Porque normalmente, os presépios, nós não temos lá a informação toda. Permite-nos criar, permite-nos ter várias leituras, mas é muito bonito, porque o ver nascer o menino Jesus… Somos nós que fazemos o menino Jesus, somos nós que fazemos a Maria, somos nós que fazemos o José”, descreve a artesã.

Promovida pela Associação para a Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde, a mostra tem lugar no Auditório Municipal da cidade, durante o mês de dezembro.

“A nossa aposta e o nosso desafio começou por promover e relançar as rendas de bilros de Vila do Conde. Daí, rapidamente passámos para o artesanato em geral”, começa por dizer António Saraiva Dias, presidente da Associação para a Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde, que explica que a exposição teve início como forma de “chamar a atenção da comunicação social” e “do poder central” para a arte que estava “moribunda”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Isabel conta que o interesse para as rendas de Bilros foi despertado cedo, recordando os tempos de infância em que numa sala de costura havia contacto e convívio entre as rendilheiras.

“Eu aprendi, por exemplo, com a minha mãe, com a minha avó, em casa. Agora não. As meninas procuram-nos e para elas isto começa exatamente como um jogo. Nós começávamos logo mais ou menos a sério. Elas começam com umas pulseiras, com uns animais, com uns fios de cores e rapidamente fazem a transição para outro tipo de renda”, indica.

António Saraiva Dias revela que a exposição “Presépios de Portugal” tem “peças de artesãos de norte a sul [do país], incluindo os Açores, nos mais diversos materiais”, nomeadamente a madeira, o ferro, as lãs, os tecidos e o vidro.

Segundo o responsável, os artesãos procuram espelhar a “sensibilidade de São Francisco” nos presépios que produzem e “com a capacidade, o engenho, a criatividade e a habilidade que as mãos, repetindo milhares de vezes os mesmos gestos, lhes conferem, tentam que as suas peças traduzam esse espírito de Natal”.

Manuel Augusto Ferreira cria presépios através do barro e tem também os trabalhos expostos no Auditório Municipal de Vila do Conde.

“O desafio é que não sabemos como é que ele [presépio] vai acabar. Acho que é o principal desafio. E depois vai-nos surpreender, pela positiva ou pela negativa. Isso é que nos dá interesse”, revela.

Para além de gostar de “construir e aplicar materiais” nas peças que confeciona, o artesão confessa que lhe entusiasma a ideia de criar uma história à volta delas: “Não é ser só uma coisa estática que está ali. A pessoa olhar e ver uma história por trás daquilo: é isso que me seduz”.

Nesta edição, registou-se um novo recorde de peças apresentadas na mostra “Presépios de Portugal” que ao longo dos anos se consolidou como uma referência a nível nacional, sendo uma das exposições do género mais aguardadas, sobretudo pelos inúmeros colecionadores de presépios.

O primeiro presépio do mundo terá sido montado em argila por São Francisco de Assis em 1223.

Nesse ano, em vez de festejar a noite de Natal na Igreja, como era seu hábito, o Santo fê-lo na floresta de Greccio, para onde mandou transportar uma manjedoura, um boi e um burro, para melhor explicar o Natal às pessoas comuns, camponeses que não conseguiam entender a história do nascimento de Jesus.

LS/LJ

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Agência ECCLESIA

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