Natal e Eucaristia

Mensagem de Natal do bispo de Beja aos diocesanos A 7 de Outubro de 2004, o Papa João Paulo II proclamou um ano da Eucaristia, sacramento central e fundacional da Igreja. Mas a Eucaristia só é possível com a participação de um ministro ordenado, presbítero ou bispo, pois foi com os Apóstolos que Jesus, durante a Última Ceia, fez e ordenou: Tomou o pão, deu graças, partiu-o e distribuiu-o, dizendo: Isto é o meu Corpo, que será entregue por vós; fazei isto em minha memória(Lc 22, 19). Enquanto os três Evangelhos denominados Sinópticos, Mateus, Marcos e Lucas, descrevem do mesmo modo a instituição da Eucaristia durante a Última Ceia, o Evangelho de S. João coloca em seu lugar o lava pés dos discípulos, dizendo-lhes que também eles deveriam fazer o mesmo (cf Jo 13, 4 ss). Este paralelo dá-nos a entender que a vida de Cristo continua a ser oferecida a cada um de nós através do serviço dos Apóstolos e seus sucessores. Mas será através do testemunho do amor mútuo que o mundo reconhecerá os verdadeiros discípulos de Jesus e descobrirá a presença real de Cristo na celebração da Eucaristia (Jo 13, 35). Missão da Igreja A missão da Igreja através dos tempos consiste em fazer chegar a seiva da vida de Cristo a todos os homens, a maior prova do amor de Deus, para que todos sejam um só corpo, uma só família, como Jesus e o Pai são um só, numa unidade de amor indivisível e eterna. Enquanto houver excluídos do amor, ainda não está completada a missão da Igreja. Quais os maiores obstáculos à união do género humano em Jesus Cristo? Esta pergunta deve cada um de nós dirigir à sua consciência e bater com a mão no peito, ao constatar um mundo tão dividido, a começar pela própria família. A humanidade dividida pelas diferenças de gerações, de sexo, de meio social, de cultura, de profissão, de religião, de etnia, etc. desafia o cristão a ser obreiro da reconciliação e da comunhão. Natal da verdadeira Eucaristia No Advento demos início a um novo ano e começámos a preparar-nos para acolher uma nova vida, o nascimento de Jesus, o Filho de Deus que se faz um de nós, Deus connosco, para n’Ele nos tornarmos também filhos de Deus, nós com Deus. No Natal começa a história de Deus com os homens, que vai possibilitar-nos entrar na eternidade de Deus, quando Jesus na Páscoa se entregar por nós ao Pai e nos comunicar a sua vida na comunhão do seu Corpo e Sangue, para que também nós tenhamos a vida eterna. Mas enquanto houver excluídos da nossa família, o Natal e a Páscoa ainda estão em gestação nas nossas vidas e a nossa celebração da Eucaristia é imperfeita. Por isso temos de continuar a suspirar: Vem, Senhor Jesus! Não tardes, que o mundo está frio! Faz-nos instrumentos do teu amor. Boas festas de Natal e Ano da Eucaristia vigoroso A todos os diocesanos, mesmo aos que não partilham as nossas convicções religiosas, o Bispo de Beja deseja um Santo Natal, em que celebramos o nascimento do Outro, que para os cristãos tem um nome: Jesus, o Salvador, nascido em Belém e que Maria, a Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal, deu à luz. Oxalá esta abertura ao Outro nos faça entrar numa comunhão profunda com Deus e uns com os outros, dando-nos as mãos, para a construção dum mundo melhor, mais justo e com mais paz! Aos cristãos apelo para que aos domingos se congreguem na celebração da fé, se possível com comunhão eucarística, para que o novo ano de 2005 seja repleto do vigor que brota da Eucaristia, dom da vida de Jesus Cristo para todos os que n’Ele crêem e estão dispostos a partilhar a sua vida com os irmãos, sobretudo com os mais pobres, para que ninguém seja excluído do banquete da vida! † António Vitalino, Bispo de Beja

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