Natal: «Cada um de nós sabe de onde deseja a paz, e qual o rosto que a paz tem para cada um» – irmã Irene Guia

Escrava do Sagrado Coração de Jesus elege o poema «A paz sem vencedor e sem vencidos» como o seu «pregão de Natal»

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Lisboa, 31 dez 2021 (Ecclesia) – A irmã Irene Guia, Escrava do Sagrado Coração de Jesus, disse que o poema de Sophia de Melo Breyner Andreson «A paz sem vencedor e sem vencidos», é o seu “pregão de Natal”.

“A paz é uma busca comum. Cada um de nós sabe de onde deseja a paz, e qual o rosto que a paz tem para cada um. Para nós é Cristo, para outros não é Cristo. Mas o desejo de paz, sem vencedor e sem vencidos, é comum. A fraternidade é isso, nasce do amor, da paz”, explica a religiosa à Agência ECCLESIA.

“É o nascimento do príncipe da paz, e o príncipe da paz o que nos oferece é uma paz sem vencedor e sem vencidos, que é a única que nos pode salvar a todos. Os vencidos e os vencedores, como se houvesse um desequilíbrio de forças. A paz será que está incarnada enquanto houver desequilíbrio de forças?”, questiona.

O poema de Sophia de Melo Breyner Andreson já foi rezado pela religiosa em diferentes locais, no Curdistão iraquiano ou no Congo, em locais onde “o grito, o conflito armado, perseguição de populações e etnias” se sentem.

A religiosa recorda um projeto de reintegração e crianças soldado, no Congo, “crianças raptadas de escolas, aldeias e vilas e com terror e drogas” que acabavam por “praticar atos que nem adultos os deveriam fazer, quanto mais crianças”.

“Tínhamos um projeto de reintegração de crianças soldado e uma maior parte era de uma etnia. Houve um pedido de integração de crianças soldado da outra etnia. Podíamos dizer que não? Os psicólogos propuseram juntar as crianças e perguntou: «O que pensam vocês que eles sofreram?» Não conseguiram encontrar nada de diferente. Acabou o problema. Perceberam que viveram o mesmo”, recorda.

Para a irmã Irene Guia o grito que se lê no poema, «dai-nos Senhor, a paz que vos pedimos, a paz sem vencedor e sem vencidos», indica que uma injustiça não pode ser substituída por outra injustiça.

“A justiça tem de ser para todos. A paz que nasce da verdade, que nasce da justiça. Sem verdade e sem justiça não haverá a liberdade de quem vive na mesma casa e se sente irmão de todos. A liberdade é sinonimo de verdade e de justiça”, finaliza.

O programa Ecclesia na Antena 1 conta, esta semana, diferentes formas de viver e contar o Natal.

A PAZ SEM VENCEDOR E SEM VENCIDOS

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

in “Dual” de Sophia de Mello Breyner Andresen

LS

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Agência ECCLESIA

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