«Experiência de um novo olhar sobre Deus desafia-nos também a um olhar diferente sobre a humanidade» – D. António Augusto Azevedo
Vila Real, 26 dez 2022 (Ecclesia) – O bispo de Vila Real afirmou que a mensagem de matriz religiosa do Natal “é cheia de humanidade” e contém grandes desafios para que a sociedade de hoje “não vacile na defesa e promoção dos valores fundamentais”.
“Se desejamos um futuro mais humano e luminoso urge mobilizar todos os esforços e meios ao serviço da valorização da vida, do respeito pela dignidade humana, reforçar o cuidado pelos doentes, os mais pobres e os migrantes. É também indispensável fazer mais e melhor para apoiar as famílias mais jovens e fomentar a natalidade”, disse D. António Augusto Azevedo, neste domingo, dia de Natal.
Na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo de Vila Real afirmou que o Natal não pode ser uma festa para “distrair daquilo que importa” mas para concentrar no essencial sobre Deus e o homem, a sua mensagem de matriz religiosa “é cheia de humanidade e contém grandes desafios” para que a sociedade de hoje “não vacile na defesa e promoção dos valores fundamentais”.
“Acolher hoje a Jesus Cristo significa receber a vida; recebê-lo em cada coração, em cada casa ou comunidade, deverá constituir um estímulo e motivação para uma nova atitude relativamente ao acolhimento dos nossos irmãos mais frágeis. Não os podemos abandonar à sua sorte, não podemos cair na indiferença, no egoísmo ou comodismo”, desenvolveu.
“Neste tempo que deveria ser de paz, rezemos especialmente por todas as crianças e famílias, na Ucrânia e em tantas partes do mundo, a quem a paz foi negada.”
D. António Augusto Azevedo salientou que a “experiência de um novo olhar sobre Deus” desafia também a um “olhar diferente sobre a humanidade”, e afirmou que é preciso “redescobrir o encanto da vida humana”, o tesouro que constitui a vida de cada pessoa.
“Precisamos de encarar de frente o rosto da fragilidade presente nos mais pobres, doentes e idosos. Nesta humanidade ferida se apresenta também hoje, diante de nós, o rosto autêntico de Deus que se fez homem”, acrescentou.
O bispo de Vila Real explicou que a vivência do Natal, além de “convidar a escutar a Deus que fala à humanidade pelo seu Filho” e a ver naquela criança nascida em Belém a sua presença nova, desafia “a recebê-Lo e acreditar nele”, o dinamismo da fé cristã “não se limita a uma ritualidade externa e repetitiva” mas interpela a acolher Jesus Cristo nas próprias vidas e a acreditar que essa presença “pode ser renovadora para cada um e para todos”.
“Deus depositava grande esperança em seu Filho como continua a confiar em nós. Não defraudemos essa esperança mas repletos da luz natalícia sejamos capazes de a levar a tantos que já desistiram da vida ou nada mais esperam de si ou dos outros”, pediu.
Na homilia de Natal, D. António Augusto Azevedo indicou que a primeira expressão da “nova linguagem de Deus” encontra-se no presépio, o ambiente de carência material mas de grande calor humano, com a criança recém-nascida no centro, acompanhada por Maria e José, “é um hino à humanidade e à novidade divina”.
“Naquele lugar fala a força da vida no corpo frágil de uma criança, transparece a verdade e autenticidade dos gestos, brilha a beleza do amor no rosto do filho e no coração dos pais. Na finitude da vida, nos limites das expressões humanas, fala de modo paradoxal mas eloquente o infinito, o eterno, o santo.”
CB