Nada seria pior do que a guerra!

Kevin Dowling, Bispo de Rustenberg (África do Sul) Ao adoptarem uma declaração sobre a ameaça de guerra no Iraque que preconiza soluções de paz, os participantes do encontro de Lisboa deixam bem claro que temem as consequências globais de um potencial conflito com o mundo árabe. Kevin Dowling, Bispo de Rustenberg, na África do Sul, explica à Agência ECCLESIA o que o mundo tem a perder com um clima de guerra. Agência ECCLESIA – Um conflito no Iraque irá agravar a situação em África? D. Kevin Dowling – Não há dúvida de que há lugares em África, como no Sudão, onde os regimes islâmicos fundamen-talistas representam um potencial perigo se a situação no Médio Oriente não for solucionada pacificamente. Todos os esforços para levar por diante um diálogo entre cristãos e muçulmanos sairão prejudicados por uma guerra no Iraque, não tenho dúvidas de que as consequências serão muito negativas. AE – A relação entre a paz e o desenvolvimento foi muito realçada no decorrer do encontro. Quando veremos uma África em paz? KD – É evidente que a paz, no contexto dos inúmeros conflitos em África, é absolutamente impossível neste momento. O desenvolvimento sustentado não aparece num cenário tão devastador quanto este, pelo que é absolutamente essencial ter condições de paz e de paz estável. O caminho para se chegar a esse ponto passa, antes de mais, por criar condições de justiça, atacando as fontes das guerras. Só quando toda a sociedade civil se comprometer pela paz poderemos ter a estabilidade para iniciar os processos de desenvolvimento. AE – O contexto de guerra e de conflitos permanentes arruinou um continente? KD – Não há infra-estruturas, a qualidade de vida das pessoas é nula, como se sabe, e a não ser que se tenha paz não podemos começar a remediar a destruição gerada pela guerra. O progresso do continente surgirá como consequência da paz, da defesa dos direitos humanos e da democracia, onde a sociedade participe e possa pedir contas aos seus governantes. AE – O papel da Igreja Católica neste processo é devidamente reconhecido? KD – A Igreja é uma das instituições mais empenhadas em criar as condições para um verdadeiro desenvolvimento, dado que o seu trabalho na educação, saúde e na comunidade é já uma longa tradição, que se construiu por amor e não por desejo de reconhecimento. À medida que os povos assumirem as despesas do seu desenvolvimento, o papel da Igreja passará por questionar e debater os efeitos das políticas nacionais e internacionais sobre a qualidade de vida dos pobres.

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