Mundo globalizado não pode esquecer a fé, diz Bispo do Funchal

Nos tempos actuais, caracterizados pela crise, “indiferença e agnosticismo”, é importante continuar a afirmar a fé em Deus, com “convicção e esperança”, a exemplo dos nossos antepassados que apelaram junto de São Tiago Menor o milagre para a cura da “peste” no século XVI. A mensagem foi deixada ontem por D. António Carrilho na celebração festiva do Padroeiro da nossa cidade e diocese, que incluiu a “Procissão do voto” entre o Largo do Corpo Santo e a igreja de Santa Maria Maior, com a participação das principais entidades autárquicas, militares e devotos em geral. A festa de São Tiago Menor, padroeiro da diocese e da cidade, “é um dos eventos mais importantes da história da Madeira”, considerou ontem o Bispo do Funchal na celebração solene a que presidiu na igreja de Santa Maria Maior (Socorro), no final da “procissão do voto”. O acontecimento, com origem em 1521, continua hoje a significar “um tempo de alegria, louvor e acção de graças a Deus que ama e protege o seu povo”, sublinhou D. António Carrilho na homilia da Missa. A secular devoção dos madeirenses, celebrada todos os anos a 1 de Maio, motivou ainda reflexões importantes sobre a actualidade. “O desenvolvimento integral da pessoa humana numa sociedade científico-tecnológica não se compadece com certas ideologias que projectam o ser humano na angústia existencial de uma vida sem sentido e sem valores”, alertou o Bispo do Funchal. “Neste mundo globalizado também chegaram até nós, naturalmente, algumas influências negativas da modernidade, como o indiferentismo, o agnosticismo e, por vezes, também o abandono por parte de alguns da vivência da sua fé”, acrescentou. “Como nos recorda o Concílio Vatiano II, a dignidade humana é gravemente lesada quando o homem deixa de acreditar em Deus e na vida eterna, confiando apenas na sua libertação cultural, económica e social. A Igreja acompanha com alegria o progresso e o desenvolvimento da família humana, servindo-a na fidelidade a Cristo e ao Evangelho, promovendo o diálogo e a comunhão, a verdadeira liberdade e solidariedade. O cristão não pode fechar-se no egoísmo, indiferente aos problemas dos outros irmãos, especialmente dos mais pobres e marginalizados, como sinal firme de esperança”, apontou D. António Carrilho. Trabalho Na sua homilia, o Bispo do Funchal referiu-se ainda ao “vasto mundo do trabalho, com seus problemas, dificuldades e necessidades”, a propósito de “São José Operário”, celebrado também ontem em toda a Igreja. Lembrou “os desempregados, pedindo por todos para que encontrem trabalho e nele a sua realização pessoal, o bem-estar para a própria família. São José Operário, lembra o indispensável na construção da nossa sociedade, cidade e de uma nova civilização”, disse. Uma palavra de “especial solicitude aos nosso emigrantes”, aos que hoje “sofrem com doenças incuráveis, na angústia da solidão e do desamor”, foi outra das mensagens deixadas por D. António na homilia dedicada a São Tiago Menor, fazendo votos para que o santo padroeiro “continue a manifestar a sua singular protecção para com o povo da Madeira e Porto Santo”. Na celebração de ontem participaram as principais entidades autárquicas (vereação da Câmara Municipal do Funchal e Juntas de Freguesia), civis e militares, entre muitos devotos e sacerdotes. A festa religiosa, que tem sido apoiada pela autarquia há muito anos, mereceu do actual presidente da Câmara do Funchal os maiores elogios, “em especial o papel desempenhado pelo padre Rafael Andrade e a presença pelo segundo ano consecutivo do sr. Bispo D. António”, disse Miguel Albuquerque ao Jornal da Madeira. “Hoje, apesar de não podermos fazer comparações com o passado, é sempre bom termos o nosso padroeiro a nos proteger, porque uma cidade, sendo um corpo vivo, dinâmico tem sempre problemas e é preciso ter fé, paz, estabilidade e saúde para toda população da cidade”, acrescentou.

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