Documento de João Paulo II foi o primeiro inteiramente dedicado à mulher. Bento XVI também tem dedicado atenção ao tema Na continuidade do Concílio Vaticano II, que encoraja a uma participação mais vasta da mulher não só no âmbito cultural e social mas também eclesial, e da constituição da “Comissão de estudo sobre a mulher na sociedade e na Igreja” por Paulo VI em 1973, João Paulo II publicou em 1988, no seguimento do Sínodo dos Bispos sobre a participação dos leigos na vida da Igreja, a “Mulieris dignitatem”. A carta apostólica foi assinada no dia 15 de Agosto. Pela primeira vez um documento pontifício é inteiramente dedicado à mulher. João Paulo II faz uma análise antropológica à luz da Revelação para evidenciar verdades fundamentais tais como a igual dignidade do homem e da mulher criados à imagem de Deus, a unidade dos dois e o chamamento à comunhão, a importância da complementaridade e reciprocidade entre homem e mulher, a figura de Maria como modelo da mulher e realização do ser humano chamado à santidade. O Papa polaco lembrava que, na sequência do Sínodo de 1987, foram feitos votos de um “aprofundamento dos fundamentos antropológicos e teológicos necessários para resolver os problemas relativos ao significado e à dignidade do ser mulher e do ser homem”. “Trata-se de compreender a razão e as consequências da decisão do Criador de fazer existir o ser humano sempre e somente como mulher e como homem. Somente a partir destes fundamentos, que consentem colher em profundidade a dignidade e a vocação da mulher, é possível falar da sua presença activa na Igreja e na sociedade”, podia ler-se. A Igreja, escreveu João Paulo II, “rende graças por todas e cada uma das mulheres: pelas mães, pelas irmãs, pelas esposas; pelas mulheres consagradas a Deus na virgindade; pelas mulheres que se dedicam a tantos e tantos seres humanos, que esperam o amor gratuito de outra pessoa; pelas mulheres que cuidam do ser humano na família, que é o sinal fundamental da sociedade humana; pelas mulheres que trabalham profissionalmente, mulheres que, às vezes, carregam uma grande responsabilidade social; pelas mulheres «perfeitas» e pelas mulheres «fracas»”. “A Igreja agradece todas as manifestações do «génio» feminino surgidas no curso da história, no meio de todos os povos e Nações; agradece todos os carismas que o Espírito Santo concede às mulheres na história do Povo de Deus, todas as vitórias que deve à fé, à esperança e caridade das mesmas: agradece todos os frutos de santidade feminina”, escreveu ainda. O tema foi retomado recentemente na audiência geral de Bento XVI de 14 de Fevereiro de 2007, dedicada às mulheres e à sua responsabilidade eclesial desde as primeiras comunidades cristãs até hoje. “Além dos Doze, colunas da Igreja, pais do novo Povo de Deus, são escolhidas no número dos discípulos também muitas mulheres. Apenas brevemente posso mencionar aquelas que se encontram no caminho do próprio Jesus, a começar pela profetisa Ana (cf. Lc 2, 36-38), até à Samaritana (cf. Jo 4, 1-39), à mulher sírio-fenícia (cf. Mc 7, 24-30), à hemorroíssa (cf. Mt 9, 20-22) e à pecadora perdoada (cf. Lc 7, 36-50). Não me refiro sequer às protagonistas de algumas parábolas eficazes, por exemplo a uma dona de casa que amassa o pão (cf. Mt 13, 33), à mulher que perde a dracma (cf. Lc 15, 8-10), à viúva que importuna o juiz (cf. Lc 18, 1-8)”, afirmou. “Mais significativas para o nosso assunto são aquelas mulheres que desenvolveram um papel activo no contexto da missão de Jesus. Em primeiro lugar, o pensamento dirige-se naturalmente à Virgem Maria que, com a sua fé e a sua obra materna, colaborou de modo único para a nossa Redenção, tanto que Isabel pôde proclamá-la “bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1, 42), acrescentando: “Feliz de ti que acreditaste” (Lc 1, 45). Tornando-se discípula do Filho, Maria manifestou em Caná a confiança total nele (cf. Jo 2, 5) e seguiu-o até aos pés da Cruz, onde recebeu dele uma missão materna para todos os seus discípulos de todos os tempos, representados por João (cf. Jo 19, 25-27)”, acrescentou o actual Papa. Para Bento XVI, é claro que “a história do cristianismo teria tido um desenvolvimento muito diferente, se não houvesse a generosa contribuição de muitas mulheres”.