Mulher: Religiosas pedem que missão que desenvolvem ajude a «esculpir» a Igreja no mundo

Estudo internacional mostrou «marginalização das mulheres» na Igreja, em contraste com «tratamento de Jesus para as mulheres nos Evangelhos»

Foto: Fundação AIS

Roma, 06 mar 2024 (Ecclesia) – As mulheres religiosas sentem-se chamadas a trabalhar pela liderança, encorajar o trabalho na solidariedade, assumir desafios globais, fazer advocacia junto dos governos e das políticas, afirmou a irmã Patricia Murray, secretária executiva da União Geral de Superioras Gerais.

“Estamos a construir redes de solidariedade e a desenvolver projetos de combate ao tráfico humano, combate às alterações climáticas, acolher migrantes e refugiados. Estamos a chegar a muitos que sofrem de diferentes formas, cuidados do planeta e de quem precisa”, assegurou a responsável durante a abertura da conferência que junta a Cáritas Internationallis e as embaixadas da Austrália e do Reino Unido junto da Santa Sé, para refletir sobre a liderança feminina.

«Mulheres líderes: Rumo a um futuro mais risonho» é o tema que hoje, em Roma, na Cúria dos Jesuítas, está em análise a partir dos desafios sentidos pelas mulheres, procurando desta forma assinalar o Dia Internacional da Mulher.

Como irmãs católicas na Igreja ocupamos um papel interessante na vida da Igreja: somos leigas com vocação para viver votos em comunidade. Não somos clérigos, mas o povo olha para nós como fazendo parte da instituição clerical. Nós preocupamo-nos com a Igreja e a sua missão, queremos que a nossa experiência se integre e ajude a esculpir a missão de Cristo e da Igreja no mundo”.

A irmã Patricia Murray recordou palavras do Papa Francisco quando numa audiência pediu às religiosas: «Conto convosco para acordar o mundo».

“A prioridade é sermos profetas e um religioso nunca deve abandonar a profecia”, sublinhou.

Com o processo sinodal em curso, a religiosa indicou estarem em aberto temas como o diaconato, a pregação e novos ministérios, sublinhando não estar apenas em causa as vocações de leigos e das mulheres.

“Todas as vocações estão a ser reconfiguradas não apenas a dos leigos e das mulheres. Este processo não é rápido, leva tempo e requer que as pessoas se ouçam mutuamente e ao Espírito. A sinodalidade é um acordar e um recentrar da Igreja. Só podemos construir o futuro juntos, homens e mulheres”, indicou.

O superior geral da Companhia de Jesus, que acolhe na Cúria a conferência, indicou que os Jesuítas constituíram uma comissão que integra “jesuítas, leigos e leigas” com o objetivo de perceber o lugar das mulheres no “discernimento e nas constituições apostólicas da companhia”.

“Coresponsabilidade, colaboração e inclusão; avaliar a participação e posição da mulher em todos os níveis da Companhia de Jesus; fazer recomendações aos diferentes níveis para fortalecer a Companhia; formular recomendações para permitir o respeito mútuo, cuidado e solidariedade entre homens e mulheres no modo de proceder na Companhia”, são objetivos identificados no trabalho da comissão, avançados pelo padre Arturo Sosa Abascal.

O arranque da conferência «Mulheres líderes: Rumo a um futuro mais risonho» foi marcado pela apresentação de um estudo internacional sobre mulheres católicas, desenvolvido por Tracy McEwan e Kathleen McPhillips, da Universidade de Newcastle, na Austrália, que deu conta da “marginalização das mulheres em contraste com o tratamento de Jesus para as mulheres nos evangelhos”

“88% das respostas reconheceram que a identidade cristã é importante para as suas vidas, mas identificam tensão ou estranheza com a Igreja católica, e incapacidade para participar na vida da Igreja”, deram conta as responsáveis pelo estudo.

“A inclusão das mulheres no ministério de Cristo é entendida como uma fonte de esperança e encorajamento”, apresentam.

O estudo recomendou que “os líderes e o processo sinodal” possa inspirar-se “nas ações de Jesus”.

LS

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