Muito para (vi)ver na visita do Papa

D. Carlos Azevedo, coordenador geral, aborda pormenores da presença de Bento XVI em Lisboa, do encontro com os jovens ao mundo da cultura

D. Carlos Azevedo, coordenador geral da visita papal ao nosso país, aborda pormenores da presença de Bento XVI em Lisboa, do encontro com os jovens ao mundo da cultura. Em entrevista à Agência ECCLESIA, levanta a ponta do véu sobre os vários momentos que o Papa vai viver na capital portuguesa, ao longo de mais de 24 horas.

 

Agência ECCLESIA (AE) – As paróquias receberam recentemente uma brochura com informações sobre a visita do Papa à diocese de Lisboa. Que informações são importantes reter?

D. Carlos Azevedo (CA) – São informações práticas. Incidem sobre os locais onde as pessoas se podem deslocar, com indicações precisas para estacionamento se o automóvel for o veículo de transporte. No entanto, pedimos que, de preferência, as pessoas se desloquem em transportes públicos, que vão ser reforçados, em especial na hora de saída. Prevemos que a chegada seja paulatina, mas a saída será simultânea. A acompanhar a brochura de informações seguiu também uma pagela com uma oração para que a visita seja preparada espiritualmente.

 

AE – Há lugar para o imprevisto numa visita agendada ao minuto? Encontros do Papa que não estão agendados com os jovens ou com amigos portugueses?

CA – Não está previsto. Para a Nunciatura está previsto o encontro com o Primeiro-Ministro, José Sócrates, e com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. É possível que haja alguma surpresa na noite com os jovens. Nós assim o desejamos, que o Santo Padre possa ir à janela e saudar os jovens.

 

AE – Será suficiente para os jovens o Papa dirigir-se à janela?

CA – A mensagem de esperança que Bento XVI envia aos jovens, o lugar que lhes está reservado nas celebrações mostra que, como povo de Deus, os jovens estão cada vez mais inseridos na comunidade e na pastoral. Não querendo criar um grupo à parte, também é bom o contacto directo.

 

AE – O próprio Bento XVI cria esse contacto em muitas viagens apostólicas que realizou…

CA – Mas em Portugal era impossível. O programa feito para a visita não permitia isso. Em 2011 está prevista a Jornada Mundial da Juventude, para Madrid. Pensamos que dada a proximidade muitos jovens portugueses se preparam para ir a Espanha. De qualquer forma é simpático que os jovens queiram estar com o Papa e, certamente, Bento XVI vai responder a esta vontade e irá saudá-los.

 

AE – Sobre a celebração eucarística no Terreiro do Paço, os paramentos, o missal, o leccionário ou o evangeliário irão sair do Tesouro da Sé de Lisboa?

CA –As peças foram escolhidas e estão ainda a ser confirmadas mas em princípio serão do Museu da Sé de Lisboa e de São Vicente de Fora.

 

AE – Os paramentos do Papa chegam do Vaticano?

CA – Não sabemos ainda. Temos uma proposta. Vai depender do clima nesse dia. Temos um paramento possível feito em Portugal. O Vaticano traz outro. Depende das circunstâncias do clima. Os paramentos para os bispos são feitos em Portugal e são novos, tanto as mitras como os paramentos. Haverá um ar de festa.

 

AE – O paramento para Bento XVI foi feito de propósito?

CA – Sim, para a medida e para o gosto que sabemos que o Papa tem nos paramentos que usa. Foi já visto pelo responsável pelas celebrações pontifícias, o Monsenhor Guido Marini, quando esteve em Portugal, e ficou dependente do clima, devido ao peso do paramento.

 

AE – E depois, será oferecido ao Papa ou poderá integrar o espólio do Tesouro da Sé?

CA – Ainda não imaginámos.

 

AE – Mas está nos planos da diocese?

CA – Bom, sabemos que o Santo Padre vai trazer um presente para cada uma das dioceses e a diocese de Lisboa vai também dar-lhe um presente. Lisboa vai oferecer-lhe uma relíquia de São Vicente.

 

AE – Sobre o encontro com o mundo da cultura, a decorrer em Lisboa, o número de participantes está fechado?

CA – As inscrições fecharam na passada Sexta-feira (dia 23 de Abril). Temos uma lista de espera de pessoas que manifestaram interesse em estar presentes. Aguardamos as respostas aos convites.

 

AE – Que critérios estiveram na base dos convites?

CA – Quisemos ter presente a representatividade cultural. Não podem estar presentes todas as pessoas. Por isso procurámos que as personalidades presentes pudessem representar as diferentes áreas – da arte, do saber, do mundo da ciência e das letras. Pedimos a cada diocese que apresentasse sugestões e as pessoas indicadas tiveram a primazia do convite, tal como entidades oficiais, as várias academias, universidades, também alguns estudantes finalistas das várias universidades de Lisboa.

 

AE – Há nomes que são cartão de visita no panorama cultural português?

CA –  Sim, pessoas muito representativas como poderão ver no dia 12 de Maio.

 

AE – Não só do mundo católico mas também do mundo dos não crentes. Essa representatividade foi também importante, uma vez que o próprio Bento XVI apela ao diálogo com diferentes religiões?

CA – A organização conta com a confirmação do representante da comunidade islâmica e também da religião judaica. As grandes religiões vão estar presentes. A capacidade de abertura e diálogo é importante para nós. A organização não enviou o convite para algumas personalidades sabendo se são ou não crentes, mas mediante o seu gosto em estar ou não com um notável homem da cultura que tem uma proposta de verdade e beleza a fazer.

 

AE – A Igreja Católica  dirigiu o convite a outras confissões religiosas, ou tratou-se de uma manifestação de vontade por parte das outras confissões?

CA – Correspondeu a um convite feito pela Igreja Católica, manifestando o nosso objectivo de integração. Este era o encontro adequado, pois não se trata de uma celebração religiosa, mas um encontro com um discurso. Este seria o espaço onde as pessoas poderiam estar de forma mais natural.

 

AE – Está previsto um encontro entre a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, e o Papa Bento XVI?

CA – A senhora Ministra da Cultura vai ter a oportunidade de cumprimentar o Papa no encontro. Está previsto um encontro com algumas personalidades representativas. A senhora Ministra, enquanto responsável pela pasta da cultura, representa a cultura portuguesa no seu todo. No encontro poderá ao cumprimentar, dirigir algumas palavras.

 

AE – Esse encontro restrito vai ser também no Centro Cultural de Belém?

CA – Sim. Vai ser posterior ao discurso, no final do encontro.

 

AE – No encontro com o mundo da cultura, vai ser entregue uma lembrança ao Papa feita pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira. Que intenção tem esta oferta?

CA – Em todos os encontros há lugar para um agradecimento através de um gesto. O arquitecto Siza Vieira estava disponível para oferecer o desenho de uma peça. Percebemos a existência de um conjunto de pessoas que gostava de ajudar, e também a colaboração de um dos melhores ourives modernos, Manuel Alcino. É uma peça muito bonita que penso que ficará bem no Vaticano.

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