Mosteiro de Alcobaça, a não perder

Num momento em que muitos portugueses se encontram de férias sem que o tempo convide a uma ida até à praia, o património artístico e religioso do nosso país aparece como uma proposta de beleza e sabedoria a ser levada em linha de conta. No universo monástico, que tinha garantido a permanência do cristianismo em território português durante a convulsão muçulmana, é possível encontrar hoje testemunhos de um processo de reestruturação e reforço bastante complexo, desafiando-nos a reler a nossa história. A Ordem de Cister, ao procurar locais ermos ou pouco habitados para se implantar, e tendo no centro da sua vida religiosa a oração, o trabalho manual e o estudo, vai ser um importante factor de fixação de populações que muito interessa aos monarcas desejosos de repovoar territórios recém-conquistados. Paradigmático dessa convergência de interesses é o da Abadia de Alcobaça (Leiria, Alcobaça), no reinado de Afonso Henriques. O mosteiro de Santa Maria de Alcobaça tornou-se, desde a sua fundação em 1153, casa-mãe da Ordem em Portugal. Obra maior do primeiro gótico nacional, conserva daquela época o edifício da igreja, de três naves, deambulatório e capelas radiantes, o dormitório, o refeitório e o claustro de D. Dinis. Sucessivamente alterado e ampliado, com especial incidência nos séculos XVI e XVII, quando se construíram novos claustros e se “barroquizou” a frontaria, deu origem a um conjunto monumental que constitui, actualmente, o mais importante dos testemunhos cistercienses em toda a Europa, sendo reconhecida como Património Mundial pela UNESCO. Maria Isabel Costeira, directora desta jóia do nosso património, aponta ao programa ECCLESIA que “este Mosteiro e a Ordem de Cister no geral têm como fundamento da sua existência a oração e o trabalho e, nessa perspectiva, contribuíram de forma decisiva para o desenvolvimento desta região específica e do país inteiro, tanto do ponto vista económico, como religioso e cultural”. No que se refere à igreja da abadia, a estrutura domina sobre a decoração e não existem apontamentos ornamentais, formando um conjunto que impressiona pela sua grandeza, simplicidade e austeridade. Maria Isabel Costeira revela que alguns grupos de visitantes não compreendem bem esta realidade, insatisfeitos por “verem apenas paredes”. “No Mosteiro de Alcobaça pode ver-se muito para além das pedras, ainda que estas tenham uma história para contar”, lembra. É obrigatório visitar o impressionante conjunto de dependências medievais onde se destacam o Refeitório, o Dormitório e a Sala do Capítulo, assim como o Claustro de D. Dinis, construído em 1308.

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