O seu nome confunde-se com o cinema: João Bénard da Costa nasceu a 7 de Fevereiro de 1935, em Lisboa e exerceu, desde 1980, cargos de direcção na Cinemateca Portuguesa. Morreu hoje, aos 74 anos.
Ainda antes de 1980, na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1961, foi responsável pelo sector do cinema do serviço de Belas Artes da instituição.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1959, com a dissertação Do Tema do «Outro» no Personalismo de Emmanuel Mounier, Benard da Costa foi convidado por Delfim Santos para seu assistente naquela faculdade.
A carreira académica foi-lhe impedida, por força da PIDE. Veio a leccionar disciplinas de História e Filosofia, no Seminário Menor de Almada, no Externato Frei Luís de Sousa da mesma cidade, no Liceu Luís de Camões e no Colégio Moderno, entre 1959 e 1965.
A paixão do cinema marcou-o desde cedo. Entre 1957 e 60 foi dirigente cineclubista, ao mesmo tempo que presidiu à Juventude Universitária Católica.
Fundador da revista “O Tempo e o Modo”, o nome de Benárd da Costa fica também marcado pela presença constante na imprensa. No jornal “Público” chegou a desabafar numa crónica que “passou mais de metade da sua vida no ofício de cronista”.
Começou no “Expresso”, com Helena Vaz da Silva, mas depois mudou-se para o “Diário de Noticias” onde assinou uma coluna chamada “O mal pelas aldeias”. Em 1988 mudou a sua prosa para o jornal O Independente”, onde Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso lhe pediram para escrever sobre “Os filmes da sua vida”.
A paixão pelo cinema levou-o também a representar, não só em filmes de João César Monteiro, como em filmes do seu amigo Manoel de Oliveira.
Laureado com o prémio Pessoa em 2001, João Benard da Costa, recebeu das mãos de Mário Soares a ordem do Infante D. Henrique. Também França lhe atribuiu a comenda de Officier des Arts et des Lettres.
Com diversos livros publicados, destacam-se as monografias de Alfred Hitchcock ou John Ford. Mas Bénard da Costa assinou também títulos como “Nós, os vencidos do Catolicismo”, em 2003.