Moçambique: Três dias de ataque «forte e cruel» deixam Macomia «reduzida a cinzas»

Irmãs Carmelitas Teresas de São José denunciam destruição em curso na Província de Cabo Delgado por grupos armados jihadistas

Lisboa, 07 jun 2020 (Ecclesia) – As Irmãs Carmelitas Teresas de São José afirmaram que o último ataque por grupos armados em Macomia, no Norte de Moçambique, foi uma “barbárie” e deixaram a zona urbana “totalmente destruída”.

“Como resultado desta barbárie, temos a zona urbana totalmente destruída, a maioria das infraestruturas do Estado danificadas e a zona comercial reduzida a cinzas”, disse a irmã Blanca Nubia Castaño, cidata pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

De acordo com um comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela Fundação AIS, as Irmãs Carmelitas Teresas de São José regressaram à cidade na última quinta-feira, 4 de junho, “apesar de os riscos não terem passado totalmente”.

“Decidimos visitar, encorajar e ajudar pelo menos os nossos trabalhadores e as suas famílias”, afirma a irmã Castaño.

Durante três dias, grupos jihadistas levaram a cabo um ataque “forte e cruel” em Macomia, causando um número de vítimas ainda por apurar e provocando uma destruição “brutal”.

“Ainda não sabemos o número de vítimas civis e nem das forças [de segurança]. Só ontem, [dia3 de Junho], as pessoas começaram a voltar lentamente para as suas casas, algumas foram queimadas, outras saqueadas. Lembrem-se que há apenas um ano que vivemos a destruição da passagem do ciclone Keneth”, refere a irmã Castaño.

Situada ao lado de uma base militar e fora da zona atacada pelos terroristas, a Missão das Irmãs Carmelitas Teresas de São José foi poupada.

“Por questões de segurança, tivemos que voltar hoje mesmo para a outra missão onde estamos refugiadas”, afirma religiosa.

“Dói-nos a alma pelo atropelamento aos nossos irmãos, ficamos indignadas com a injustiça, ficamos tristes com a incerteza e sentimo-nos impotentes. Só nos resta esperar e confiar no Deus da Vida”, acrescenta.

As Irmãs Carmelitas Teresas de São José estão em Macomia há 16 anos, onde trabalham sobretudo na educação, numa cidade da Província de Cabo Delgado devastada por ataques terroristas nos última anos.

De acordo com a agência Lusa, Cabo Delgado é a província com maior investimento privado em África para a exploração de gás natural e uma região vítima ataques terroristas desde outubro de 2017, reinvindicados desde há um ano pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico.

Grupos terroristas ocuparam Mocímboa da Praia, Muidumbe, Quissanga e Macomia durante vários dias e estima-se que tenham morrido 600 pessoas e provocado mais de 200 mil refugiados internos.

PR

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Agência ECCLESIA

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