Moçambique: Seis meses depois do Idai, reconstrução avança lentamente (c/fotos)

Arcebispo da Beira sublinha necessidade de «grandes recursos» para recuperar da devastação

Beira, Moçambique, 16 set 2019  (Ecclesia) – O arcebispo da Beira alertou para a necessidade de prosseguir os esforços de reconstrução nas localidades moçambicanas atingidas pelo ciclone Idai, em março.

“Os estragos são tão grandes que, por enquanto, não é possível pensar numa recuperação total”, referiu D. Claudio Dalla Zuanna, em declarações à Agência ECCLESIA.

Segundo o responsável católico, após o ciclone não houve lugar para a “desesperança”, elogiando a “resiliência” da população.

“Depois de um primeiro momento de desnorte”, recorda, todos começaram a reagir, “tentando voltar a um mínimo de normalidade”.

“Este processo continua”, observa o arcebispo da Beira, num momento em que Moçambique se prepara para uma nova temporada de chuvas e ciclones.

Pelo menos 2 milhões de pessoas foram afetadas, de alguma forma, pelo ciclone Idai, em Moçambique.

Segundo D. Claudio Dalla Zuanna, a prioridade inicial foi a distribuição de alimentos pelas famílias mais desfavorecidas, seguindo-se a distribuição de material de construção, face às chuvas que se estão a aproximar.

A Arquidiocese de Beira tem mais de 20 mil alunos em escolas paroquiais, que se procuram recuperar, após o desastre natural; outra área de trabalho são as igrejas, seminário e o próprio paço episcopal.

“A vida pastoral da diocese foi muito afetada”, admite o arcebispo.

Após agradecer a ajuda vinda de Portugal, D. Claudio Dalla Zuanna assinala uma diminuição das organizações humanitárias presentes no terreno, desde abril, falando ainda em “promessas” que estão por cumprir, relativamente a uma ajuda essencial para a reconstrução a longo prazo.

“Não se pode reconstruir nas mesmas condições. Isso vai levar muito tempo e vai envolver grandes recursos”, aponta.

A maior recuperação, segundo o arcebispo da Beira, é a “reconstrução dos bairros da periferia”, cuja população terá de ser realojada.

“É um trabalho muito lento, com vários transtornos”, afirmou.

Atualmente a Cáritas Moçambicana, com o apoio da rede internacional, onde se inclui a Cáritas Portuguesa, está empenhada no trabalho de reconstrução das zonas afetadas pelo ciclones Idai e Keneth, em quatro áreas: meios de vida; resposta humanitária; fortalecimento de capacidades institucionais e comunitários; água, saneamento e higiene.

A fase de reconstrução vai decorrer num prazo de 12 meses em quatro das províncias afetadas – Sofala, Manica, Zambézia e Cabo Delgado -, com um orçamento global de 2 317 112 euros.

Atendendo à ação desenvolvida através da campanha “Cáritas Ajuda Moçambique” a participação da Cáritas Portuguesa neste projeto global será de 450 mil euros, num apoio que se estima que chegue a mais de 5 mil famílias, em três linhas de atuação: agricultura e meios de subsistência; água e saneamento; habitação.

A Cáritas Portuguesa está em Moçambique, para tomar contacto com a realidade vivida e formalizar o memorando de apoio à Cáritas local, na fase de reconstrução.

TAM/OC

Fotos: Caritas.org

O apoio à população de Moçambique pode ser feito através do Fundo de Emergências Internacionais da Cáritas Portuguesa – IBAN PT 50 0033 0000 01090040150 12 – e através do multibanco com a Entidade 22 222 e Referência: 222 222 222.
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