Moçambique: Organizações da sociedade civil querem manter atenção sobre «emergência» em Cabo Delgado

Movimento destaca importância de ajudar cerca de 800 mil deslocados no norte do país

Foto: Cáritas

Lisboa, 07 jul 2021 (Ecclesia) – Ana Patrícia Fonseca, da Fundação Fé e Cooperação (FEC), alertou para a situação de emergência que se vive em Delgado, em Moçambique, no centro das precauções de um movimento, com dezenas de organizações da sociedade civil em Portugal

“Temos vindo a publicar diferentes notas de imprensa para manter este tema também na comunicação social porque, muitas vezes, a agenda política é marcada pela agenda mediática”, referiu à Agência ECCLESIA.

A entrevista é uma das responsáveis do ‘Movimento por Cabo Delgado’, formado por organizações da sociedade civil que trabalham na defesa dos Direitos Humanos e na promoção da paz.

A iniciativa pretende alertar a comunidade internacional para a situação de “emergência humana” que vive aquela população do norte de Moçambique.

As organizações, através das redes sociais, publicam “todas as semanas um vídeo, às 15h00 de domingo a apelar à urgência humanitária em Cabo Delgado”, disse Ana Patrícia Fonseca,

O foco destas organizações situa-se na “ajuda humanitária” porque “existem cerca de 800 mil deslocados” na região de Cabo Delgado e “mais de duas mil pessoas foram mortas nos últimos três anos”.

Os deslocados vivem em situações “de grande precariedade” e “cerca de 43% destes deslocados são crianças”, alerta a responsável.

Ana Patrícia Fonseca realça que existem “muitas instituições que estão no terreno” e “mostram o retrato de Cabo Delgado” e nota “sensibilidade do governo português” no flagelo que aquele povo vive.

Os deputados portugueses no Parlamento Europeu “também estão bastante sensíveis para esta questão e têm feito esforços para colocar o tema na agenda do parlamento”, frisou a convidada desta quarta-feira no Programa ECCLESIA (RTP2).

Apesar do “esforço grande” das instituições, os recursos “são insuficientes” porque faltam “muitos” bens de primeira necessidade, lamenta.

“A formação militar e os esforços diplomáticos não correm à mesma velocidade da ajuda humanitária”, assinala a responsável da FEC.

No último mês de maio, mais de 30 organizações da sociedade civil portuguesa, entre elas várias instituições católicas, reforçaram o seu apelo ao Governo português, à União Europeia e às Nações Unidas pelo “envio urgente de ajuda humanitária” para Cabo Delgado, em Moçambique.

Desde 2017, a população de Cabo Delgado “é vítima de violentos ataques”, que causaram muitos milhares de deslocados internos, “numa catástrofe humanitária sem precedentes na região”.

As mais de 30 organizações têm em comum o “trabalho em defesa da paz e dos direitos humanos” através da ajuda humanitária e de emergência e da educação e cooperação para o desenvolvimento.

Várias organizações, movimentos, fundações e congregações católicas fazem parte deste grupo de trabalho, onde também está presente a Conferência Episcopal Portuguesa, a Cáritas Portuguesa, a Comissão Nacional Justiça e Paz, o Centro Missionário Arquidiocesano de Braga, as fundações Ajuda à Igreja que Sofre, Fé e Cooperação e Gonçalo da Silveira, o JRS Portugal – Serviço Jesuíta aos Refugiados e a LOC – Liga Operária Católica.

Estão também presentes as províncias portuguesas da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, do Espírito Santo (Espiritanos), as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, os Padres Vicentinos e as Filhas da Caridade, a Companhia de Jesus (Jesuítas).

O trabalho deste grupo surgiu na sequência do manifesto público ‘Cabo Delgado: não nos conformamos com a violência’, publicado em janeiro deste ano, e da carta enviada ao ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

HM/LFS/OC

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