Moçambique: Missionários descrevem «clima de insegurança» causado por movimentações terroristas e ataques

Há relatos de mortos, alguns decapitados, e de populações em pânico e fuga, denuncia Fundação AIS

Foto: ACN

Lisboa, 02 fev 2024 (Ecclesia) – Os missionários católicos na província de Cabo Delgado, em Moçambique, estão “assustados” com o “clima de insegurança que se vive nestes dias nas comunidades atendidas pela Igreja Católica”, devido à movimentação e aos ataques de grupos terroristas.

“Olá, padre, nós estamos assustados porque foram vistos 24 homens armados”, relata uma das mensagens trocadas entre os animadores de comunidades da Igreja Católica nos últimos dias de Cabo Delgado, informa a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

“Disseram ao meu cunhado para abandonar a casa durante esta noite… Aqui estamos na casa do chefe de aldeia”, acrescentou o cristão.

Os grupos terroristas, segundo a AIS, têm-se movimentado e atacado aldeias e povoações nas proximidades da capital, a cidade de Pemba, havendo “relatos de mortos, alguns decapitados, e de populações em pânico e fuga”.

A intensificação de notícias que dão conta das movimentações dos grupos de dezenas de terroristas e de confrontos mais frequentes, entre eles e os soldados governamentais, têm propagado o clima de medo vivido.

Segundo a fundação pontifícia, os missionários na região “recebem informações das várias aldeias e localidades onde têm contactos e procuram manter toda a comunidade católica informada”.

“Há uma semana, circulam notícias de ataques e presença de terroristas” em diversas comunidades, revela a mais recente mensagem enviada ontem para a Fundação AIS em Lisboa.

Em três das comunidades, Impire, Nanlia e Campine, as populações “vivem por estes dias um clima de insegurança”, descrevem os missionários, que ainda assim dizem que nestes lugares, até agora, “não houve ataques”.

A aldeia de Naminaute, por outro lado, sofreu um ataque levado a cabo, na tarde de 31 de janeiro, “pelos insurgentes, como também são conhecidos localmente os terroristas que reivindicam pertencer ao Daesh, o grupo jihadista Estado Islâmico”.

A AIS, que cita a imprensa local, adianta que as forças moçambicanas “foram alvo de uma emboscada e dois militares terão sido mortos”.

Mas este não é caso único, no dia 21 de janeiro, “a vila de Mucojo, a segunda mais importante no distrito de Macomia, foi ocupada por grupos de terroristas, provocando uma debandada das populações, nomeadamente para a sede distrital”.

Os terroristas permaneceram na vila pelo menos dois dias, “num gesto de uma certa ousadia até pela proximidade na região de forças militares moçambicanas e dos países da África Austral que estão a apoiar os esforços das autoridades de Maputo face à insurgência jihadista na província de Cabo Delgado”, avança a fundação.

“Com essas notícias o povo fica apavorado e muitos saem de casa”, dizem os missionários, que explicam que há agora “uma aparato militar maior”.

LJ/OC

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