«Tempestades extremas» acentuam pobreza do país, lamenta Fundação Ajuda à igreja que Sofre
Beira, 15 mar 2023 (Ecclesia) – O ciclone Freddy está a afetar a província da Zambézia, em Moçambique, tendo deixado a capital de Quelimane fortemente destruída e vitimado já dezenas de pessoas desde fevereiro, alertou o bispo local.
D. Hilário Massinga descreveu à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), os estragos que as fortes chuvas e ventos têm provocado, destruindo casas, tetos, redes de comunicação e dividindo em dois um país que enfrenta sérias dificuldades.
“Foi uma noite horrível! Ouvir a casa a cair em pedaços sem poder fazer nada. Perdemos o teto da casa episcopal. As paróquias e as igrejas da cidade de Quelimane também perderam os tetos. Não há energia. Ninguém consegue estar fora de casa por causa das rajadas de vento. Ouvem-se as chapas a levantar mas ninguém arrisca a vida para ir ver”, explicou o bispo de Quelimane ao responsável de projectões da Fundação AIS para esta região de África, Ulrich Kny, num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.
No domingo, o Município de Quelimane dava conta de 100 mil pessoas com necessidades de apoio, e a permanência de cinco mil pessoas em Centros de Acomodação Temporária.
Dados preliminares das autoridades apontavam para pelo menos oito mortos na província de Zambézia, sendo que sete ocorreram na cidade de Quelimane, uma das zonas mais atingidas, mas últimas noticias dão conta de 300 vítimas mortais causadas pelo ciclone Freddy que se desloca entre Moçambique e o Malawi, desde fevereiro.
D. Diamantino Antunes, bispo de Tete, refere por sua vez que a destruição em Quelimane “é muito grande”.
“Há falta de comida e de água potável, para além da escassez de abrigos, na sequência da destruição de casas ou de tetos. Permaneçamos unidos com os nossos irmãos da Zambézia, sem excluirmos a possibilidade de levar-lhes algum apoio material”, indicou o missionário português.
O responsável reconhece que um país que enfrenta a natureza de forma extrema acentua a já pobreza do país.
“Uma tempestade tropical como esta e sobretudo as enxurradas, coloca o país de rastos. São as infraestruturas, pontes, estradas cortadas, o sistema da rede elétrica e telefónica é muito frágil, não aguentam, e depois não há alternativas, porque as estradas são aquelas e o país fica dividido em dois: basta uma ponte desabar numa estrada nacional que liga o sul ao norte, para o país ficar partido em dois”, relata D. Diamantino Antunes.
Em janeiro, a tempestade tropical Ana atingiu o centro e norte de Moçambique causando cerca de duas dezenas de mortos e afetando milhares de pessoas.
A AIS recorda que o ciclone Eloise e anteriormente, entre 2018 e 2019, os ciclones Idaí e Kenneth, “deixaram também profundos rastos de morte e destruição”, cuja recuperação não feita ainda feita.
A par da pobreza, a fundação pontifícia identifica Moçambique como “um país prioritário” dada a situação de terrorismo que enfrenta, em especial a norte, onde grupos armados lançam ataques à população, numa situação que provocou desde outubro de 2017, quatro mil vítimas mortais e quase um milhão de deslocados internos.
“A ajuda da Fundação AIS tem-se materializado nomeadamente em projetos de assistência pastoral e apoio psicossocial, mas também no fornecimento de materiais para a construção de dezenas de casas, centros comunitários e ainda a aquisição de veículos para os missionários que trabalham junto dos centros de reassentamento que abrigam as famílias fugidas da guerra”, indica o comunicado.
LS