Moçambique: Bispo de Pemba diz que ataque à vila de Macomia «aumentou o sentimento de insegurança»

D. António Juliasse destacou orações e atenção do Papa e ajuda da Fundação AIS para serem «úteis aos irmãos todos, cristãos e não cristãos»

Foto Vatican News, D. António Juliasse

Pemba, Cabo Delgado, Moçambique, 24 mai 2024 (Ecclesia) – O bispo de Pemba, em Moçambique, destaca que o recente ataque à vila de Macomia “aumentou o sentimento de insegurança” em que vivem, esta quinta-feira, 23 de maio, numa mensagem à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

“O recente ataque à vila de Macomia aumentou o sentimento de insegurança em que estamos. A assistência pastoral ao norte continua a acontecer, mas com muitas cautelas e restringindo-se aos círculos achados com relativa segurança”, explicou D. António Juliasse, numa mensagem ao responsável de projetos da AIS para Moçambique, Ulrich Kny, divulgada esta sexta-feira pelo secretariado português da fundação.

A vila de Macomia e as aldeias de Missufine e Cajerene, na Província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, foram alvo de dois ataques terroristas, nos dias 10 e 11 de maio, que intensificaram a fuga de populações nesta região no norte do país.

Esta era uma vila considerada segura pela presença de um contingente das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, mas o bispo de Pemba explica que a Província de Cabo Delgado está a viver “um momento de transição” no combate à ameaça terrorista “com a saída das forças da SADC [Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], e o incremento da presença ruandesa”.

Foto: ACN

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre assinala que o ataque à vila de Macomia provocou a fuga de “largas centenas de pessoas”, que fizeram aumentar “o elevadíssimo número de deslocados” em Cabo Delgado, “aproximadamente 1 milhão de pessoas”, que são uma das prioridades do trabalho humanitário que a Igreja desenvolve neste país de língua oficial portuguesa.

O secretariado português da AIS informa que a fundação pontifícia aprovou o enviou de ajuda de emergência no valor de “aproximadamente 250 mil euros”, sendo que “105 mil euros” destinam-se precisamente para “ajuda de emergência para os deslocados em Cabo Delgado”.

“Agradeço imensamente a AIS Internacional pela especial atenção que nos têm dispensado. O que seria da Igreja de Pemba sem a vossa ajuda. De facto, sentimo-nos amparados pelo Papa Francisco, que tem rezado e falado de nós, e por vós que nos dais a possibilidade de sermos úteis aos irmãos todos, cristãos e não cristãos”, desenvolveu D. António Juliasse.

O bispo de Pemba observa que esta violência terrorista está a acontecer numa altura “particularmente significativa para a história” desta diocese moçambicana que está a assinalar o jubileu do centenário da evangelização da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Nangololo.

“Este ano celebramos 100 anos da Missão do Sagrado Coração de Jesus de Nangololo (Muidumbe). Foram os [padres] Monfortinos que iniciaram a evangelização continuada e o povo Maconde aderiu em massa. Fizemos a abertura na cidade de Pemba, convidando os que estão deslocados”, explica D. António Juliasse.

Foto: Fundação AIS

A missão católica de Nangololo é a segunda mais antiga da Diocese de Pemba, em novembro de 2020 foi atacada, ocupada e destruída pelos terroristas, D. António Juliasse recorda-o na mensagem enviada ao responsável de projetos da AIS para Moçambique.

A Fundação AIS Internacional explica que a ajuda de emergência aprovada para a Diocese de Pemba inclui o apoio aos deslocados, o auxílio à sobrevivência de 60 religiosas e 17 sacerdotes na diocese, à formação de 48 seminaristas, e para projetos ligados à assistência espiritual às vítimas do terrorismo, e programas de evangelização para a rádio.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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