Moçambique: Bispo de Pemba denuncia ataques e aumento do número de deslocados

«Há uma espécie de pânico em alguns lugares onde as pessoas não querem mais ficar» – D. Luiz Fernando Lisboa

D. Luiz Fernando Lisboa Foto: Combonianos

Cabo Delgado, Moçambique, 23 out 2020 (Ecclesia) – O bispo de Pemba, diocese na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, disse que, “infelizmente, os ataques continuam” na região e a população “continua a deslocar-se”, em fuga da violencia.

“Não temos ainda acalmia, os ataques continuam, embora pequenas proporções, mas continuam atacando as aldeias, as ilhas, tanto que a população continua a se afastar, a deslocar-se, dos seus lugares de origem e a vir para outras regiões, para Pemba, para outras cidades”, assinalou D. Luiz Fernando Lisboa, em declarações ao portal ‘Vatican News’, publicadas hoje.

O bispo da diocese moçambicana de Pemba explicou que as pessoas que não foram “atingidas diretamente pelos ataques, pela invasão”, nas suas vilas, nas aldeias, ou ilhas também saem “preventivamente, por causa do medo”.

“Há uma espécie de pânico em alguns lugares onde as pessoas não querem mais ficar”, afirma, sobre os ataques dos grupos armados que reivindicam pertencer ao autoproclamado Estado Islâmico (Daesh).

D. Luiz Fernando Lisboa explica que a Igreja Católica continua ao lado da população e a responder à crise humanitária que vivem em Cabo Delgado com apoio psicossocial, que iniciou há dois meses, uma urgência como de outras necessidades.

“Já foram treinados quatro grupos, inclusive na Arquidiocese de Nampula, as nossas irmãs psicólogas foram dar esta formação aos agentes de pastoral e está a acontecer a quarta formação em Pemba com ativistas de outras organizações e nossos. Alguns seminaristas estão a fazer essa formação para irem ao encontro dos deslocados e fazer esse atendimento que eles precisam tanto quanto o alimento”, desenvolveu.

O bispo de Pemba salienta que a Igreja Católica tem trabalhado nesse apoio psicossocial e através da Cáritas, “com mais de 70 pessoas, também num apoio de “emergência, no atendimento às pessoas nos acampamentos, nos bairros”, divulga o portal de notícias do Vaticano.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre adianta, por sua vez, que tem existido “um aumento significativo do número de pessoas em fuga dos grupos armados”, “desde o final da semana passada”, nomeadamente na região de Macomia.

O secretariado português da AIS refere que o bispo de Pemba e o bispo de Lichinga, D. Anastásio Canira, “testemunharam a chegada em massa de deslocados ao bairro de Paquitequete”, “principal ponto de desembarque” dos deslocados na cidade capital de Cabo Delgado.

“As coisas continuam feias. Nós tínhamos 250 mil deslocados mas agora são mais de 300 mil deslocados, ou seja, está cada vez mais em crescendo”, disse o padre Fonseca Kwiriwi, um dos responsáveis pela comunicação da Diocese de Pemba, à fundação pontifícia AIS.

Desde sábado, calcula-se que cerca de 3 mil pessoas tenham fugido de suas casas, perdendo tudo o que tinham, por causa desses ataques dos grupos armados.

“Houve já a definição de uma aldeia, uma espécie de assentamento para todos aqueles que estão nos enormes acampamentos de Metuje perto de Pemba; Por estes dias, a Cáritas está no terreno fazendo a distribuição de alimentos enquanto o Governo providenciou lugar de alojamento definitivo para essas pessoas terem as suas próprias casas”, desenvolveu o padre Fonseca Kwiriwi, divulgou a Ajuda à Igreja que Sofre.

O secretariado português da fundação pontifícia lembra que a instituição está a promover uma campanha internacional de ajuda para a Diocese de Pemba.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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