Moçambique: Bispo acompanha crianças

D. Francisco João Silota admite que os próprios menores podem não ter conhecimento do seu destino 40 crianças encontradas num camião, a caminho de Maputo, foram interceptadas pelas autoridades em Sofala, centro de Moçambique e encontram-se em Chimoio, por suspeitas de rapto consentido. D. Francisco João Silota, Bispo de Chimoio, em declarações à Agência ECCLESIA, afirma ter já estado com as crianças, que se encontram num infantário: “Encontrei-as a brincar e disseram-me espontaneamente que estavam no camião para ir para Maputo estudar”. D. Silota afirma ter insistido na opção de rapto ou de venda junto das crianças, mas afirma que “não me pareceu que as crianças estivessem pressionadas ou constrangidas”. Mas o Bispo admite que as próprias crianças podem não ter conhecimento do seu destino. No camião encontravam-se 40 crianças entre os sete e os 17 anos – duas meninas e 38 rapazes. 35 são da província de Nampula, quatro de Cabo Delgado, Norte, e uma da Zambézia, centro. Um dos pais com quem D. Francisco Silota esteve, afirmou conhecer o colégio onde as crianças iam estudar. “Esta é uma situação normal, irem estudar em Maputo” e alguns ficam mesmo a ensinar outras crianças que chegam. A suspeita adensa-se, no entanto, porque, como aponta D. Silota, o camião é geralmente usado “para transporte de mercadoria e gado, não para crianças”. Quando saíram de Nampula “estavam num autocarro normal” e só depois “foram levadas num camião aberto”. O Bispo de Chimoio afirma que “o assunto ainda não está claro”. A polícia apreendeu o camião. Decorrem agora as investigações e interrogatórios aos responsáveis da viagem, como aos pais das crianças. Mas esta é uma investigação já à escala nacional. O Procurador Geral adjunto de Moçambique encontra-se em Chimoio para averiguar o acontecido. O Bispo afirma desconhecer situações de tráfico, mas admite “pode haver”. O porta-voz da polícia em Chimoio, Pedro Jemusse, afirmou à agência Lusa que as primeiras investigações apontam para a existência de um “crime de rapto consentido e não tráfico”. De acordo com o responsável da polícia, as pessoas que acompanhavam as crianças e os próprios menores alegam que saíram das suas casas com o conhecimento e aceitação dos pais dos menores, com destino às cidades de Maputo e da Matola, no sul do país, e na província de Tete, onde iam estudar em escolas islâmicas. Os pais das crianças entregaram-nas, alegadamente por não terem capacidade económica para assegurar a continuação dos estudos dos filhos. Segundo o chefe do Departamento de Relações Públicas da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, Feliciano Dique, as crianças saíram da província de Nampula, norte do país, transportadas em diferentes viaturas. O sinal de alarme foi dado por um dos menores, que havia descido do veículo para urinar e alertou as autoridades. Moçambique tem sido apontado por diversas organizações internacionais como um dos países mais afectados pelo tráfico humano, sendo a África do Sul o principal país de destino das vítimas.

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