Moçambique: Paz em Cabo Delgado é «a maior preocupação», afirma padre responsável pelos encontros inter-religiosos

A possibilidade de um ataque, a qualquer momento, e em qualquer lugar, “torna a vida insuportável”

Foto: Fundação AIS

Pemba, Moçambique, 05 jan 2024 (Ecclesia) – O padre Eduardo Roca, responsável pelo diálogo inter-religioso na Diocese de Pemba (Moçambique), considera que não se pode aguentar “muito tempo uma situação de violência que parece não ter fim”.

Em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS), o sacerdote explica que é importante “a erradicação do terrorismo em Cabo Delgado” e ainda esta semana, na quarta-feira, “os terroristas, que reclamam pertencer ao Daesh, o grupo Estado Islâmico, atacaram uma aldeia em Mocímboa da Praia, saqueando lojas e levando à fuga das populações.

Em Dezembro, reivindicaram três ataques, com vários mortos, e num deles afirmam ter “decapitado um cristão”.

“Não importa se for uma guerra de baixa intensidade, como agora se fala. O medo toma conta dos corações, nenhuma instituição da sociedade merece mais confiança, porque o sentimento de sobrevivência impõe-se sobre os outros”, diz o Padre Eduardo Roca, presente desde há vários anos em Mahate, uma paróquia católica num bairro que é o coração do Islão na cidade de Pemba, em Cabo Delgado, e que é, também, um dos responsáveis do diálogo inter-religioso da diocese moçambicana.

“A possibilidade de um ataque, a qualquer momento, e em qualquer lugar, torna a vida insuportável. Não se pode aguentar muito tempo numa situação de violência que parece não ter fim”, diz ainda o sacerdote espanhol numa mensagem enviada para a Fundação AIS em Lisboa.

Desde outubro de 2017, quando se registou o primeiro incidente, já se contabilizaram mais de 4 mil mortos e cerca de 1 milhão de deslocados, apesar de os terroristas estarem a ser combatidos pelo exército de Moçambique e por uma coligação de países africanos.

LFS

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