Moçambique: 75 anos de missão e esperança da Sociedade Missionária da Boa Nova

«Igreja é dos africanos e deve ser missionária», explica o padre Jerónimo Nunes, naquele país desde 1994

Lisboa, 27 ago 2013 (Ecclesia) – Semear a palavra e ser testemunho cristão é o objetivo dos 16 missionários da Sociedade Missionária da Boa Nova (SMBN) que se encontram em Moçambique a continuar um trabalho iniciado em 1937 por cinco religiosos.

A edição de agosto e setembro de revista «Boa Nova – atualidade missionária» recorda o início da missão da, em Moçambique, com o propósito de divulgar a fé católica e instituir uma Igreja local.

Hoje, passados 75 anos, os 16 missionários estão presentes em quatro dioceses e dão testemunho de “uma presença carismática no meio de uma Igreja predominantemente africana”, assinala o padre Jerónimo Nunes.

A vida da Igreja moçambicana já “não depende” dos religiosos, tal como acontecia entre as décadas de 30 e 80 quando existiam “poucos” institutos missionários, tendo-se assistido a uma diversificação e fortalecimento de “forças locais”.

Nas palavras do sacerdote, em Moçambique desde 1994, o objetivo foi atingido e a missão “tornou-se a vida normal”.

O importante não foi a “conversão” de todos mas a implementação da Igreja por meio de um “clero indígena e de um laicado nativo”.

A “Igreja é dos africanos e deve ser missionária”, explica o sacerdote que chegou ao território moçambicano, “no final da guerra civil”, quase 30 anos depois de ter entrado para a SMBN.

Em 1937, chamavam-se Sociedade Portuguesa das Missões Católicas e, na altura acompanhados por D. Teodósio Clemente de Gouveia, bispo de Moçambique, os religiosos trabalharam “com zelo e sacrifício” na evangelização.

Inicialmente no sul e depois no norte de Moçambique, com mais muçulmanos, os missionários empenharam-se em dar bases às comunidades com o objetivo de as tornar autónomas na fé e ajudaram a implementar escolas, igrejas, seminários, hospitais e maternidades.

Quando visitou o sul, o padre Jerónimo lembra-se de se ter sentido “pequenino” ao ver o trabalho “dos pioneiros” e o testemunho dos cristãos “que aguentaram a guerra e perseguições com liturgias simples”.

No norte, para além de estruturas físicas essenciais à sociedade moçambicana, o sacerdote encontrou “dicionários e gramáticas macuas” escritas pelos missionários, multidões “ansiosas” da Palavra de Deus e “catecúmenos aos milhares”.

“Muito se construiu e muito se evangelizou para formar cristãos heroicos”, explica o padre Jerónimo Nunes do que observou e dos testemunhos que ouviu, tanto de religiosos como de leigos.

Em Pemba, a 2441 quilómetros da capital Maputo, “tudo foi construído pela Igreja”, com exceção do edifício do governador.

Segundo o sacerdote, quase todos os funcionários de Meconta, Ilha de Moçambique, Angoche e Malatane, localidades da província de Nampula, “foram formados” pelas escolas e colégios da SMBN.

Depois da independência “muitas coisas” foram “nacionalizadas, destruídas ou abandonadas”, adianta o sacerdote.

Segundo um levantamento do padre Alexandre Valente Matos, entre 1937 e 1975, ano da Independência, os missionários fundaram 25 missões e prestavam assistência a 12; os religiosos tinham ainda fundado oito paróquias prestando auxílio a cinco.

A SMBN possuía quatro colégios, duas escolas de professores e um lar, dois seminários, prestando ainda auxílio em outra instituição de formação sacerdotal.

BN/CB/LS

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