Missão: Padre Leonel Claro regressa ao Chade para trabalhar numa Igreja Católica «em construção»

«Melhor desenvolvimento não é injetar dinheiro», frisa o missionário comboniano

Lisboa, 29 ago 2016 (Ecclesia) – O padre Leonel Claro, dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus, vai regressar em missão ao Chade, um país que diz continuar a ser de “primeira evangelização” e onde a Igreja Católica é ainda “uma criança”.

Em entrevista ao Programa ECCLESIA de hoje, na RTP2, o sacerdote frisa que nesta nova missão, com partida marcada para meados de setembro, ainda “não sabe para onde vai nem o que vai fazer ou por quanto tempo”.

Mas parte com a consciência de que a Igreja Católica local tem ainda um longo caminho a percorrer e muito trabalho pela frente, no apoio a um povo constantemente afligido por problemas como a guerra e a pobreza.

“Do último relatório das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em 187 países analisados o Chade está no número 184, portanto já diz tudo do que é o desenvolvimento no Chade, ao nível social, político, económico”, realça o missionário comboniano.

No plano político, o país é governado desde 1990 pelo presidente Idriss Déby, antigo general militar e líder do Movimento Patriótico de Salvação, que assumiu o poder depois de depor o então chefe de Estado Hissène Habré.

Quando ao contexto religioso, trata-se de um território de “maioria muçulmana” e “um país de primeira evangelização”, onde a Igreja Católica está “em construção”, ainda é “uma criança”.

“Há dois âmbitos que eu gostaria muito de trabalhar, a primeira a evangelização direta, o primeiro anúncio, que fiz durante 10 anos e que gostaria de continuar a fazer. E o outro aspeto é a formação de agentes pastorais”, revela o padre Leonel Claro. 

O sacerdote recorda a dificuldade que envolve o trabalho missionário no Chade, devido à escassez de meios humanos.

“Numa paróquia de sete mil quilómetros quadrados, duas vezes a Diocese do Porto, onde estou agora, eramos três ou quatro padres”, contextualiza.

É por isso essencial, na sua opinião, a formação de pessoas locais que possam intervir nas diversas áreas de pastoral, “seja de catequistas, de animadores das comunidades, seja de animadores à gestão dos recursos públicos e da comunidade”.

“Porque aí nós estamos a formar para o futuro. (…) O melhor desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável não é o injetar dinheiro, faz-se com os meios que há e procurando sempre dar um passo à frente”, defende o missionário de 54 anos, que quando era criança “queria ser jogador de futebol ou cantor”, mas acabou por entrar num seminário missionário.

“Foi a descoberta de que Deus tinha um projeto para mim e que se calhar eu não deveria dizer que não. E agarrei a vocação missionária”, conta o padre Leonel Claro, que esteve pela primeira vez no Chade entre 1994 e 2004.

Regressou a Portugal para trabalhar na Pastoral Vocacional Juvenil dos Missionários Combonianos, e na animação do movimento JIM – Jovens em Missão, primeiro em Coimbra, até 2008, e depois a partir da Maia, onde tem permanecido.

Em 2009, o sacerdote concretizou o seu gosto pela música com a criação de um grupo rock de inspiração cristã, a “Banda Missio”.

PR/JCP

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