Missão em Timor

Um novo projecto, novos sentimentos, novas etapas num caminho em direcção a Deus Pai. Neste novo projecto sinto que, sem dúvida, Deus fez dos meus sonhos um projecto cristão ao dar-me a oportunidade de ingressar na missão dos Irmãos de S. João de Deus, em Timor. Sempre senti um forte desejo de ser missionária e assumir um estilo de vida como leiga missionária. Depois de ter feito uma experiência de missão em Moçam-bique durante 20 meses, o meu coração nunca mais sossegou e sempre aspirou por seguir Deus e servi-Lo em cada irmão, amando-o na gratuidade e simplicidade. Não sabia bem como pôr em prática e transformar este desejo em algo concreto, em obras. Propus-me a um intensivo discernimento e entre um longo trabalho pessoal e oração percebi que este sonho e desejo era no fundo um Dom, um projecto vocacional que Deus me convidou a viver junto dos outros. Apercebi-me que o meu coração vivia inquieto e sem repouso porque ainda não tinha encontrado o seu tesouro e quando isso aconteceu a frase do Evangelho tomou um novo sentido na minha vida “onde estiver o teu tesouro , aí está o teu coração” (Mt 6,21), e o meu coração de facto não estava cá há muito tempo… o tesouro que vou encontrar é o privilégio de poder servir e amar a Jesus Cristo em cada Irmão, é a dadiva de poder viver este grande amor que não pode ficar quieto quando nos sentimos filhos únicos e muito amados de Deus Pai. Assim, um dia, em tom de brincadeira, disse a um Irmão de S. João de Deus que é o responsável da Juventude Hospitaleira que se os irmãos quisessem eu ia para sempre para Timor. Houve uma forte risota e com o tempo a proposta foi-se transformado num projecto de Leiga Missionária dos Irmãos de S. João de Deus, assumindo assim o carisma e espiritualidade da ordem como leiga sem ser consagrada ou fazer alguns votos. Depois de acertar alguns pormenores de contratos e custos, iniciou-se então a formação mais intensiva para partir em Setembro. Todos os missionários que partem pela Juventude Hospitaleira fazem a formação anual da FEC, como eu já tinha feito em 2001 para partir para Moçambique, não foi por isso necessário repetir, a maior formação foi mesmo o tempo que estive em Moçambique, a missão de Moçam-bique foi a formação para Timor!!! Mas claro, existe sempre mais que podemos fazer para melhorar a nossa formação pessoal, profissional e do próprio projecto. Sendo assim, foi-me proposto fazer uma formação mais a nível da cultura, da língua, dos costumes e do projecto concreto que ia integrar. A formação passou por algumas sessões de esclarecimento do projecto que os Irmãos estão a desenvolver em Timor, e de acordo com a minha formação pessoal onde me poderia inserir e trabalhar. Houve sessões de partilha e de testemunhos de outras missionárias, de um modo mais forte das duas missionárias que regressaram em Abril da missão de Laclubar, Timor-Leste. Em Agosto irei participar num campo missionário em Loivos, Chaves, integrado no programa de actividades da Juventude Hospitaleira e também em Agosto terei um curso intensivo de Tétum. Língua Nacional de Timor-Leste. Em Maio fiz um retiro e em Setembro farei outro. Paralelamente, ao longo dos últimos 18 meses estive a fazer um acompanhamento pessoal com um Padre Espiritano. E claro, sempre acompanhado com muita oração e trabalho pessoal. Também estou envolvida nos Grupos de Trabalho da Juventude Hospitaleira, fazendo e programando actividades. Ao longo deste ano o tema da Juventude Hospitaleira (JH) é “o compromisso e a identidade” e foi dentro deste espírito que procurei e procuro viver esta minha formação e preparação para assumir mais este compromisso!! Tenho muitas expectativas para este novo projecto e, claro, também existem alguns medos, alguns receios. O maior receio é sempre o do primeiro impacto, como vai ser, se vou conseguir integrar-me, se me vou adaptar e se vão gostar de mim… Mas existe sempre a certeza de que este caminho feito com Deus muda muita coisa e o abandono nas mãos de Deus Pai fortalece e ajuda a ter uma nova perspectiva perante os medos, as dificuldades…. “quando sou fraco então é que sou forte”. Sei que não vai ser fácil, que terei alguns obstáculos/desafios, novas gentes, novos hábitos, outros pensamentos, outras filosofias de vida, outras culturas… mas quando damos um sentido ao que fazemos, quando acreditamos que trabalhamos em prol do bem, quando colocamos no que fazemos a bondade e misericórdia que recebemos de Deus, avançamos. Avançamos sem mesmo saber para onde, sem mesmo saber para quê, mas vamos… Um outro desafio é sem dúvida a vida comunitária, o viver num espírito de partilha e doação que exige muito mais do que viver simplesmente com um grupo de amigos que tem as mesmas convicções que nós. A vida comunitária requer uma aprendizagem constante, o começar em cada dia na certeza que o outro é meu irmão e nele habita Jesus Cristo. Que, tal como eu, está a crescer num caminho de fé e de abandono e que por vezes está mais frágil e exige mais. Ao assumir viver em comunidade, já não sou só eu, mas somos nós, e assim o diálogo e a partilha acompanhados da oração são o melhor trunfo para vivermos em paz e unidos. Parto em missão na certeza que este projecto não é só meu, que Deus tomou a iniciativa e como tal só quer o meu melhor e que eu seja apenas instrumento do seu amor. “Missão é ousar deixar-se guiar pelo Espírito Santo”. Florbela Maria Juventude Hospitaleira 23 de Julho de 2007

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Agência ECCLESIA

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