«Voluntariado missionário distingue-se pela vocação, o ser chamado», diz Catarina António, da FEC
Lisboa, 31 jul 2018 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC) compilou os números do voluntariado missionário 2018 e informou que 1028 pessoas vão dedicar-se a ações internas e em países em desenvolvimento, num “trabalho que precisa de ser enaltecido e reconhecido”.
“Estamos a trabalhar para criar ferramentas que permitam às entidades empregadoras avaliar as competências que são adquiridas ou melhoradas pelos voluntários”, explica Catarina António, do organismo da Igreja Católica em Portugal.
Em declarações à Agência ECCLESIA, a gestora de projetos da FEC informa que existe um projeto que pretende “o reconhecimento das competências geradas pelo voluntariado”, que termina no final deste ano.
“Empresas e organizações, cada vez mais, quando fazem entrevistas de emprego procuram saber se a pessoa teve alguma experiência deste género porque se tornam mais disponíveis, mais flexíveis e, isso, é o mais importante no mercado laboral mas não têm como medir”, desenvolve.
Catarina António exemplifica que “não basta a pessoa dizer que é boa em relações humanas”, em termos de reconhecimento deste serviço “seria importante” que contasse para anos de trabalho, embora “não imprescindível” até porque “nunca pode ser essa a motivação, porque fica desvirtuado o voluntariado missionário”.
Ao longo deste ano, 1028 pessoas vão dedicar-se a ações de curta e longa duração: 421 jovens e adultos em países em desenvolvimento e 607 em Portugal.
A gestora de projeto da FEC destaca também, dos dados de 61 entidades, a novidade do projeto missionário da organização católica Leigos para o Desenvolvimento nas localidades de Caparica e Pragal (Almada), na Diocese de Setúbal.
Segundo os dados estatísticos da Rede de Voluntariado Missionário, coordenada pela Fundação Fé e Cooperação, o país que recebe mais voluntários é Cabo Verde, 117.
São Tomé e Príncipe acolhe 76; Moçambique, 67; Angola, 54; Guiné-Bissau, 40; Portugal, 17; Brasil, 14; Tanzânia, 11, Timor-Leste, nove; Costa do Marfim, cinco; Grécia, cinco; Argentina, dois; recebem um voluntário cada a República Centro Africana, a Zâmbia e a Etiópia.
Pedro Nascimento, jovem advogado que se despediu a 31 de maio, vai durante dois anos para a Etiópia com os Leigos Missionários Combonianos.
“Foi graças a uma vida estável, porque sou feliz em família e com os amigos, que posso discernir em liberdade”, explicou o futuro missionário que teve como impulso um mês vivido em Moçambique, em 2015.
Foi esse mesmo país de Língua Oficial Portuguesa, no sudeste do Continente Africano, que recebeu Lara Pinto nos primeiros três meses deste ano.
A missionária, da Juventude Mariana Vicentina, faz muito voluntariado em Portugal e achava que “não tinha vocação de ir para outro país, outro continente”, mas agora mostra “pena de só ter ido três meses” para junto de um povo “focado no ser e estar”.
O serviço em Chirrundzo, uma localidade Província de Gaza, foi num centro social onde apoiavam “cerca de 50 crianças” na “alimentação, era a prioridade, higiene, apoio escolar e atividades lúdico pedagógicas”.
Pedro Nascimento, por sua vez, partilha que um dos “grandes pontos” para a missão na Etiópia é falar “da maior riqueza que existe no mundo que é Jesus”, ou seja, “falar de um Deus de amor, que ama as pessoas principalmente aquelas que os outros povos não reconhecem e maltratam”.
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